Vale vai fechar dez barragens como a de Brumadinho em até três anos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Empresa anunciou que vai descomissionar todas as 19 barragens construídas com a técnica de alteamento a montante. Medida reduzirá em 10% a produção anual da empresa

Barragens serão descomissionadas e os rejeitos poderão ser convertidos em materiais como tijolos e enterrado (Créditos: Isac Nóbrega/PR)
30/01/2019 | 17:30 - O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou que serão fechadas dez barragens em Minas Gerais construídas pelo método de alteamento a montante, semelhantes à de Brumadinho. Segundo o executivo, as barragens serão descomissionadas, ou seja, preparadas para que se integrem à natureza, e os rejeitos poderão ser enterrados ou convertidos em materiais de construção, como tijolos.
Na última sexta-feira (25), a barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, situada em Brumadinho (MG) e pertencente a Vale, se rompeu, dispersando um grande volume de rejeitos de minério em comunidades da região e ao longo das margens do rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco. Até o momento, 84 mortes foram confirmadas e cerca de 276 pessoas estão desaparecidas.
Alteamento a montante
O método de alteamento a montante se inicia com a construção de um dique de partida formado por materiais argilosos ou enrocamento compactado que forma uma contenção para os rejeitos de mineração ali depositados. Quando a cota máxima prevista em projeto é atingida, a camada de rejeitos compactada serve de fundação para a construção de um novo dique, que avança a montante da barragem e permite ampliar a capacidade da barragem. O método apresenta maior simplicidade e menor custo de construção, mas, segundo especialistas no tema, está ligado à maioria das rupturas em barragens de rejeitos no mundo.
“Não podemos mais conviver com esse tipo de barragem. Tomamos a decisão de acabar com todas as barragens a montante, descomissionando todas elas com efeito imediato”, disse Schvartsman.
Para que o descomissionamento seja feito, a Vale deverá paralisar as operações de mineração em todos os sítios que estão nas proximidades das barragens. Segundo executivo, o procedimento irá reduzir em 10% a produção da empresa ao ano.
“A Vale tomou espontaneamente a decisão de parar todas as operações. A razão pela qual temos que parar as operações é para acelerar o descomissionamento, pois se fizermos isso com a operação em andamento, há enormes riscos de desmoronamento”, disse.
A previsão é de que o projeto para descomissionar as barragens restantes seja encaminhado aos órgãos federais e estaduais em 45 dias. Os trabalhos deverão ter início dois meses após a expedição das licenças e executados em até 3 anos. A estimativa da Vale é de que serão aplicados aproximadamente R$ 5 bilhões para efetivar o plano.
De acordo com Schvartsman, os cerca de 5 mil funcionários prejudicados com a redução das operações, em razão do processo de descomissionamento, serão relocados para outras áreas da empresa.
O executivo disse, ainda, que todas as 19 barragens a montante da Vale em Minas Gerais já foram desativadas, e nove descomissionadas. Ele afirma que a empresa passará agora a utilizar apenas barragens convencionais e um procedimento de extração de ferro a seco, adotado pouco antes do rompimento da barragem em Brumadinho.

