Salta 182% o prejuízo das construtoras e soma a R$ 1,6 bi entre janeiro e junho
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Entre as empresas que reportaram lucro líquido, o resultado do primeiro semestre deste ano é 34,7% inferior ao verificado na comparação interanual
15 de agosto de 2016 - O prejuízo líquido das nove maiores construtoras de capital aberto no País saltou 182% entre janeiro e junho deste ano, na comparação anual, somando R$ 1,65 bilhão. Entre as empresas que reportaram lucro líquido, o resultado do primeiro semestre deste ano é 34,7% inferior ao verificado na comparação interanual.
Os números, que englobam resultados da Cyrela, Direcional, Rossi, Gafisa, Even, MRV, PDG, São Carlos e Helbor, mostram que o pior da recessão ainda não ficou para trás, e a falta de estímulo do brasileiro em contrair dívidas altas ainda precisa ser superada. "O movimento de retomada não será tão simples quanto em outros segmentos de serviços, já que este setor envolve questões macroeconômicas, como liberação de crédito e confiança no emprego", resume o professor de finanças na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Alan Collorado.
Na visão do acadêmico, outro problema - que vai além do prejuízo líquido - é o alto endividamento das companhias. "Entre 2010 e 2012, quando o mercado imobiliário registrou seu ponto mais alto, muitas companhias buscaram empréstimos para sustentar a projeção de lançamentos e, como as vendas não acompanharam, o que se vê é a dificuldade de arcar com as parcelas".
O alto endividamento, inclusive, é um dos principais problemas da companhia que registrou a maior parte do prejuízo das construtoras. A PDG, que somou um prejuízo líquido R$ 1,1 bilhão nos seis primeiros anos, citou o alto endividamento como uma das principais dificuldades da companhia. "Tivemos um prejuízo líquido nesse trimestre de R$ 740 milhões, sofremos bastante com os distratos, e com o custo da dívida", ressaltou, em teleconferência com analistas, o vice-presidente de operações da companhia, Antonio Guedez.
O diretor presidente da empresa, Marcio Trigueiro, completou, no entanto, que, no caminho para reverter a pressão da dívida na operação, a PDG tem renegociando com seus credores. "Temos um conjunto de cinco grandes credores, com os quais já temos a dívidas renegociacadas e alongadas por mais quatro anos. Com isso já revimos 74 % da dívida da empresa", completou.
Segundo o balanço operacional da companhia, todos os vencimentos previstos para este ano, na ordem dos R$ 221 milhões, já foram revistos.
Na visão de Collorado a estratégia da PDG é positiva, principalmente frente a um futuro incerto como o nosso. "Renegociar é fundamental para que não haja um descontrole da queima de caixa das companhias e, quando isso acontece, a recuperação judicial começa a ganhar forma".
Ponto fora da curva
Dentre as nove companhias analisadas pelo DCI, apenas a MRV apresentou um aumento do lucro líquido no 1º semestre. Ainda que tímido (0,1%) o valor esconde uma retração de 14% dos lucros da companhia no segundo trimestre, na comparação interanual. "A gente entende que o fundo de poço chegou. Estamos vendo ligeiro incremento nos canais de acesso de clientes, o que pode ser reflexo da redução das turbulências no País", diz, em teleconferência, o co-presidente da MRV, Rafael Menin, já prevendo a retomada das vendas.
Segundo Menin, a construtora tem usado o momento para ampliar o banco de terrenos e, das 142 cidades em que atua, 105 tinham no fim do trimestre um estoque de terrenos considerado adequado. "Além de cuidar do banco de terrenos, na minha opinião, um dos pontos positivos da MRV foi a redução no número de distratos, que caiu 34% no segundo trimestre [sobre um ano antes]", diz Collorado.
Outros resultados
Além da PDG, a Rossi também ampliou o prejuízo no primeiro semestre deste ano, somando R$ 267 milhões, ante aos R$ 191,3 verificados no mesmo período do ano passado.
Já a São Carlos reverteu um lucro líquido de R$ 1,5 milhão nos seis primeiros meses de 2015 em prejuízo de R$ 145,8 milhões este ano. A Gafisa, por sua vez, saiu do lucro de R$ 60,1 milhões ano passado para um prejuízo na casa dos R$ 92 milhões este ano. Além delas, Direcional, Even, Cyrela e Helbor registraram recuo no lucro (veja gráfico).

