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Operações em extração mineral ajudam no regresso de investimentos

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Os setores industrial e de serviços também foram destaques no ano passado

08 de janeiro de 2016 - O retorno de US$ 1,491 bilhão para o Brasil no setor de extração de minerais impulsionou a alta de quase 370% nos regressos de investimentos diretos ao País em 11 meses do ano passado.

Coordenador do curso de economia da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), Paulo Dutra associou o resgate de capital que estava no exterior por extrativistas minerais ao rompimento da barragem em Mariana e às demissões realizadas pela Usiminas em Cubatão.

"A Vale pode ter trazido esse dinheiro para arcar com os custos relacionados ao acidente, mas a Usiminas também pode ter buscado capital para pagar indenizações depois do fechamento da fábrica da empresa em Cubatão", afirmou o especialista.

Até o fechamento desta edição, a equipe de reportagem do DCI não recebeu resposta da Vale sobre a possibilidade de a empresa ser a responsável pelo regresso de investimentos ao Brasil feito pelo setor de extração mineral no ano passado. Já a assessoria da Usiminas informou que a companhia "não realizou operações deste tipo no período mencionado".

De qualquer forma, o valor das transações realizadas em 2015 é muito superior ao montante registrado no ano anterior. Entre janeiro e novembro de 2014, apenas US$ 3 milhões foram trazidos de volta do exterior para o Brasil pelo setor de extração de minerais metálicos. Em 2015, o número permaneceu zerado até outubro, mas uma ou mais operações com valor total de US$ 1,491 bilhão foram feitas em novembro.

Com esses aportes, o total de regressos de investimento ao Brasil para participação no capital chegou a US$ 10,393 bilhões, alta de 369% em comparação com os US$ 2,218 bilhões registrados nos 11 meses de 2014. As informações são do Banco Central (BC).

Para Dutra, a variação é grande, mas o volume total de retornos "ainda é pequeno" - para efeito de comparação, o especialista lembrou que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agrícola supera R$ 1 trilhão no País. Já o motivo desse aumento, segundo o entrevistado, seria a elevação do custo para que os brasileiros possam negociar no exterior.

"Fazer operações fora do País ficou mais caro, em grande parte por causa das perdas de grau de investimento que aconteceram no ano passado. O custo do capital lá fora acabou ficando mais caro para nós", explicou.

Além dos regressos para extrativistas minerais, operações do mesmo tipo também cresceram nos setores industrial (115%) e de serviços (554%). Para o primeiro ramo, o aumento foi de US$ 1,215 bilhão nos 11 meses de 2014, para US$ 2,610 bilhões em igual período de 2015. Seguindo a mesma comparação, a alta em serviços foi de US$ 957 milhões para US$ 6,259 bilhões.

No setor industrial, o aumento foi puxado pela metalurgia (554%), em que os regressos saltaram de US$ 201 milhões nos 11 meses de 2014, para US$ 1,315 bilhão em igual período de 2015. Já em serviços, a expansão foi impulsionada pela área de serviços financeiros, com crescimento expressivo de US$ 192 milhões para US$ 5,269 bilhões.

Na separação por países remetentes, os regressos vêm, em maior parte, das Ilhas Cayman (52%), famoso paraíso fiscal localizado na América Central. Em seguida aparecem Espanha (28%), Estados Unidos (4%), Países Baixos (3%) e mais um paraíso fiscal, as Bahamas (2,5%).

Caminho contrário

Enquanto os retornos de investimentos aumentaram entre janeiro e novembro de 2015, as aplicações no exterior caíram 17% no mesmo período, de US$ 21,501 bilhões para US$ 17,830 bilhões.

"Com a forte elevação do câmbio, ficou muito caro investir ou até comprar empresas em outros países. Nos últimos meses, o apetite dos brasileiros para essas operações tem diminuído bastante", comentou Dutra.

No ano passado até novembro, foi registrada queda das aplicações em outros países nos três setores de atividade econômica: agricultura, pecuária e extrativismo mineral (-59%); indústria (-32%); e serviços (-9%).

O ramo de extração mineral, que ampliou a retirada de investimentos no exterior, apresentou recuo nos aportes em outros países (-58%) no mesmo período: a queda foi de US$ 1,604 bilhão em 2014 para US$ 680 milhões em 2015.

Fonte: DCI
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