Noruega abriga maior prédio de madeira do mundo à prova de fogo
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O edifício foi inaugurado no início de 2022, com 85 metros de altura

Segundo os parâmetros da Noruega, a estrutura é considerada segura por resistir a mais de duas horas de fogo ininterrupto sem ceder durante os testes (Foto: Mjøstårnet/Divulgação)
02/09/2022 | 12:46 – Com 85 metros de altura — o dobro do tamanho do Cristo Redentor —, o maior prédio de madeira do mundo, que também é à prova de fogo, foi inaugurado neste ano na Noruega, pelo investidor bilionário hoteleiro Arthur Buchardt, também norueguês.
Projetado para ser um ícone da construção sustentável no mundo, o Mjøstårnet, como foi batizado, foi edificado com materiais renováveis e menos recursos para transportar e transformar metais e cimento — motivo pelo qual foi idealizado em madeira.
Assim, para manter os padrões ecológicos, as madeiras mais utilizadas no projeto foram a glulam (mlc, em português) e a CLT. A glulam consiste em um material laminado e impermeabilizado com cola industrial, conhecido por ser mais maleável e largamente utilizado em colunas e ligações, ao passo que a CLT representa uma madeira com ripas mais longas, usadas para construir pavimentos e paredes extensas.
A construção em madeira, entretanto, não é o fator principal para o prédio ser considerado sustentável, e sim o material aliado ao local da obra. Isso acontece porque a Noruega é um país conhecido por uma forte tradição de reflorestamento, e, como no Brasil, as construtoras norueguesas são obrigadas a compensar os danos ambientais com o plantio de novas árvores.
Entretanto, nem todos os países possuem reservas de pinheiros — o que leva a crer que, caso um investidor estrangeiro, de um país sem estoque de árvores, replique o prédio fora da Noruega e Suécia, as emissões com a importação de madeira desafiariam a proposta sustentável de usar recursos locais. "Madeira é o único material renovável no mundo", afirma o porta-voz Magne Vikøren, repetindo o posicionamento oficial da administração do prédio. Segundo ele, o plantio mantém a regeneração de áreas verdes, que são responsáveis por diminuir a poluição atmosférica.
Ainda assim, mesmo representando uma alternativa inovadora, a construção não foi barata. O Mjøstårnet acabou custando cerca de US$ 113 milhões, ou R$ 580 milhões — 11% a mais do que um prédio nos mesmos moldes feito de concreto e aço.
Assim, cria-se uma dualidade: financeiro versus ecologia. Segundo um artigo da Nature de 2021, 8% de todas as emissões globais de poluentes atmosféricos são emitidos só pela indústria de cimento, e 600 quilos de dióxido de carbono são emitidos a cada uma tonelada de cimento. No mundo todo, são 30 bilhões de toneladas de concretos usados anualmente, três vezes mais do que volume usado há quatro décadas.
Por fim, no quesito “segurança”, os idealizadores do projeto afirmaram: o prédio em madeira é completamente seguro em relação à incêndios, fogo e chamas. Eles chegaram à conclusão após uma série de testes. Um deles, em 2016, incendiou as colunas do Mjøstårnet para constatar que a madeira, apesar de chamuscada e enrugada, queimou apenas 2 centímetros da primeira camada de proteção e manteve seu interior intacto.
Segundo os parâmetros da Noruega, a estrutura é considerada segura por resistir a mais de duas horas de fogo ininterrupto sem ceder durante os testes. De toda forma, saídas de emergência, extintores e paredes forradas com gesso foram instalados como em qualquer outro prédio convencional.

