Inquérito conclui que tragédia em Capitólio foi causada por erosão natural
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Dez pessoas morreram no acidente, que aconteceu em janeiro

Com a erosão na base, houve um processo de acomodação do bloco que poderia encontrar um novo ponto de equilíbrio, mas acabou ocorrendo a fratura em pontos que o mantinham preso ao maciço (Foto: Vinicius Bacarin/Shutterstock)
07/03/2022 | 16:39 – O inquérito que investigava as causas do acidente em Capitólio (MG), responsável pela morte de dez pessoas em janeiro, chegou a um veredito: o motivo do desabamento foi a erosão natural das rochas.
Os especialistas afirmam que houve um processo geológico de remodelamento de relevo, comum na região e, inclusive, passível de acontecer em outras rochas. Assim, além de investigar as possíveis causas do acontecimento, a Polícia Civil elaborou algumas alternativas de segurança para que a atividade turística possa continuar de forma abrigada.
"O bloco de quartzito tombou porque perdeu sua sustentação devido ao processo erosivo ocorrido na sua base", afirmou o geólogo Otávio Guerra, perito da Polícia Civil. Para ele, na parte mais proeminente da rocha já havia uma cavidade abrangente, prejudicando a sustentação.
Com a erosão na base, houve um processo de acomodação do bloco que poderia encontrar um novo ponto de equilíbrio, mas acabou ocorrendo a fratura em pontos que o mantinham preso ao maciço.
A erosão, que se dá por acontecimentos naturais como chuva e vento, aliada ao declive e às características físicas da rocha — como a grande quantidade de fendas —, também foi apontada como fator contribuinte para o desabamento. A determinação implica, ainda, que não foi um único evento que resultou no acidente, e sim a sucessão deles.
“São eventos que vêm ocorrendo num tempo geológico de 100, 200, mil, 10 mil anos. Muito difícil fazer qualquer mensuração. Existem na região centenas de outros blocos que se encontram em situação parecida a essa que se abateu. É fundamental que se comece a pensar em um planejamento, em um mapa de risco", acrescentou o perito.
A tragédia aconteceu no Lago de Furnas, no dia 8 de janeiro deste ano. Além das dez pessoas mortas, outras 27 ficaram feridas. Desde então, os passeios de lanchas e embarcações estão suspensos na região.
O inquérito também elucidou que, duas horas antes da tragédia, um alerta de chuva forte foi emitido pela Defesa Civil. No entanto, os pilotos não foram informados da conjuntura. Especialistas afirmam que o alerta, por si só, poderia impedir fluxos de embarcações e evitar acontecimentos do tipo.
Nos próximos dias, o inquérito da Polícia Civil será remetido ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Embora a tragédia tenha sido apontada como um evento natural sem responsabilidade humana, foram listadas diversas sugestões que serão também compartilhadas com o Ministério Público Federal (MPF), com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com a Marinha e com diferentes órgãos públicos. O objetivo é contribuir para a melhoria da segurança em Capitólio.

