IGP-DI desacelera e preços de bens industriais recuam
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Em fevereiro, os bens industriais no atacado deram o tom no recuo do IGP-DI. Com isso, contribuíram não apenas para a desaceleração do IGP-DI de 0,43% em janeiro para 0,06% em fevereiro
08 de março de 2017 - Os dados do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em fevereiro mostram preços comportados e apontam para uma tendência de maior tranquilidade ao longo do ano. A opinião é de Salomão Quadros, superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
Quadros lembra que a recessão persistente da economia brasileira atenua pressões de demanda sobre a inflação. "Em algum momento a teoria econômica funciona", disse Quadros, lembrando que o núcleo do IPC-DI recua mês a mês desde fevereiro do ano passado, quando estava em 0,76%, para os atuais 0,27%.
"Há casos isolados no ano, como a energia elétrica, que devem pressionar. Mas com demanda baixa, consumo das famílias caindo, desemprego alto, tem que acontecer algo para elevar a demanda", avalia.
Em fevereiro, os bens industriais no atacado deram o tom no recuo do IGP-DI. Com isso, contribuíram não apenas para a desaceleração do IGP-DI de 0,43% em janeiro para 0,06% em fevereiro, mas também para que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-DI, passasse de uma alta de 0,34% para uma deflação de 0,12% no mesmo período.
O minério de ferro, principal produto individual, com peso de 6,10% no IPA, passou de uma alta de 7,27% em janeiro para 1,56% no mês passado. Juntamente com os combustíveis, teve forte impacto na retração dos preços no atacado. O diesel passou de uma alta de 5,72% em janeiro para -4,07% em fevereiro e a gasolina passou de +0,99% para -1,94%, fruto das quedas de preços dos dois produtos nas refinarias da Petrobras. Com isso, o grupo produtos derivados do petróleo passou de +5,28% em janeiro para -2% em fevereiro.
Ainda no IPA, os alimentos in natura compensaram parte da deflação dos industriais e passaram de -7,35% em janeiro para +2,16% no mês passado, com o efeito de altas sazonais como as dos ovos de galinha e do leite in natura.
A inflação ao consumidor seguiu rumo parecido ao atacado e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-DI, desacelerou de 0,69% para 0,31% entre janeiro e fevereiro. Quadros ressalta como impactos importantes os cursos formais, que passaram de 9,80% em janeiro para 0% em fevereiro e os gêneros alimentícios, que passaram de +0,32% para -0,44% no mesmo período. Juntos, esses dois grupos respondem por 19,09% do IPC.
Ainda no IGP-DI de fevereiro, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que representa 10% do índice, subiu 0,65%, contra 0,41% em janeiro.

