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Guerra entre Rússia e Ucrânia pode acarretar maior inflação no Brasil, diz CBIC

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Um dos maiores impactos possíveis é o aumento no preço das commodities, como petróleo, trigo, minério de ferro, cobre, alumínio e fertilizantes para o agronegócio

mapa digital da região entre russia e ucrania em que os dois paises estao destacados conforme as cores de sua bandeira. Existem dois dados em cima, que denotam a imprevisibilidade da guerra, também com as bandeiras de cada pais
O conflito acontece em um momento delicado, de reestruturação da economia global em um momento pós-pandemia de Covid-19 (Foto: Tomasz Makowski/Shutterstock)

09/03/2022 | 13:03 –  A guerra entre Rússia e Ucrânia, que começou no dia 24 de fevereiro, pode trazer consequências graves ao Brasil, conforme análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Além de ser marcado pela crise humanitária e preocupação a nível mundial, o conflito acontece em um momento delicado: o de reestruturação da economia global em um momento pós-pandemia de Covid-19.

Apesar de considerar muitas variáveis — como a duração e a profundidade da guerra —, a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, apontou que todos os acontecimentos conduzem para uma maior pressão inflacionária.

“O Brasil não cumpriu a sua meta inflacionária em 2021. Mesmo antes do início do conflito Rússia x Ucrânia, as expectativas já sinalizavam que em 2022 não será diferente. Diante de um teto da meta de 5%, as estimativas para o IPCA [Índice de Preços no Consumidor Amplo] já chegam a 5,75%”, explicou a especialista.

Um dos maiores impactos possíveis é o aumento no preço das commodities — hoje definidas como mercadorias de produtos básicos de matéria-prima —, como petróleo, trigo, minério de ferro, cobre, alumínio e fertilizantes para o agronegócio. Todos eles dependem da importação, e, consequentemente, da cotação do dólar, o que representa maior pressão sobre a inflação.

“O Comitê de Política Monetária (Copom) já tem, desde o primeiro semestre de 2021, aumentado a taxa Selic [a taxa básica de juros da economia], atualmente em 10,75%. Maior pressão sobre a inflação poderá exercer aumento de pressão nos juros, o que contribuirá para deprimir ainda mais o ritmo da atividade econômica”, continuou Vasconcelos.

Segundo ela, os segmentos produtivos, como a Construção Civil, sempre ficam prejudicados com taxas de juros elevadas, pois os investimentos migram para o mercado financeiro. “Além disso, menor ritmo de atividade econômica significa menos emprego, menos renda e mais dificuldade para as famílias adquirirem a casa própria”, explicou.

Origem do conflito

As origens do conflito ainda são termos delicados para muitos especialistas. O consenso entre eles, entretanto, assume que os principais motivos para a invasão russa giram em torno da expansão da OTAN pelo Leste Europeu.

A OTAN, sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, é uma aliança político-militar, criada no dia 4 de abril de 1949, e liderada pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria.

Na época, ela tinha como objetivo principal inibir o avanço do bloco socialista no continente europeu, contrariando a União Soviética e seus aliados da Europa oriental, além de fornecer ajuda mútua a todos os países membros. Apesar do fim do conflito, a aliança se mantém intacta até hoje.

Com sede em Bruxelas, na Bélgica, participam dela: Estados Unidos, França, Reino Unido, Noruega, Itália, Canadá, Países Baixos, Dinamarca, Bélgica, Portugal, Islândia e Luxemburgo — países marcados pelo sistema econômico capitalista.

A Ucrânia no conflito

A Ucrânia era uma parte do bloco que constituía a União Soviética e, com o fim da Guerra Fria, fundou o seu próprio país. Anos depois, mesmo não sendo membro da aliança, ela passou a ser considerada como uma "nação parceira" pela Otan – da qual, em algum momento, poderia vir a fazer parte – assim como Áustria, Finlândia e Suécia, por exemplo.

Recentemente, a Ucrânia declarou o interesse em integrar, efetivamente, a Otan. O anúncio alertou a Putin, o presidente da Rússia, já que a entrada possibilitaria uma forte atividade estadunidense no território ucraniano, que faz fronteira com a Rússia e é recheado de reatores nucleares que pertenciam à União Soviética.

A declaração oficial russa foi querer impedir o que chama de “cerco à sua fronteira”, assim como a possibilidade de adesão do país à aliança militar. Com a determinação da Ucrânia em manter sua posição em relação à Otan, Putin diz não ter visto alternativa a não ser o confronto militar.

A Ucrânia, por outro lado, vê na guerra uma tentativa da Rússia de reestabelecer a zona de controle e influência da antiga União Soviética, algo visto como desrespeito à soberania da Ucrânia, que alega que, como um país, deveria ter o direito de decidir seu destino e suas alianças.

Apesar de Vladmir Putin ter o costume de citar a origem compartilhada dos russos, ucranianos e bielorrussos — já que eles integravam uma única república, na União Soviética — e caracterizá-los como “povos indissociáveis”, a Ucrânia argumenta que a origem comum não se sobrepõe aos séculos em que a identidade ucraniana se desenvolveu de forma independente, incluindo a invasão por diferentes povos e desenvolvimento de idioma próprio.

Para completar, Putin ainda acusa, sem provas, o governo ucraniano de genocídio contra a população do país de origem étnica russa que vive nas regiões separatistas da Ucrânia (Donetsk e Luhansk). Partindo desse argumento, ele alega que a iniciativa pelo conflito tem o objetivo, ainda, de "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.

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