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Escola municipal de SP e Faculdade de Arquitetura da USP projetam eco praça

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Iniciativa amplia o espaço da EMEF Professora Philó Gonçalves dos Santos para uma área verde com mais de 14 mil metros quadrados

foto de alunos na praça próxima à EMEF Philó
Segundo os idealizadores, o projeto Eco Praça Philó pretende resgatar a herança cultural e histórica do local, além de atuar como um ponto de resistência e transformação social (Foto: EMEF Philó Gonçalves dos Santos/Divulgação)

09/02/2023 | 11:29  A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Philó Gonçalvez dos Santos desenvolveu, em parceria com a Faculdade de Arquitetura da USP (FAU-USP), um projeto de eco praça que, além de ampliar o espaço da unidade escolar para uma área verde de mais de 14 mil metros quadrados, cria eco salas, eco trilhas e uma série de amenidades sustentáveis.

A unidade de ensino fica na Zona Norte de São Paulo e é coordenada pela Diretoria Regional de Educação (DRE) de Pirituba/Jaraguá. Localizada em um território onde encontram-se uma antiga fábrica de cimento desativada, o cemitério de Perus e um clube de tiro, a escola fica em uma região conhecida por sua hostilidade.

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Como surgiu o projeto

Ao discutir sobre iniciativas que tornassem o ambiente mais receptivo, utilizassem a área ao redor da unidade de forma pedagógica (tanto pelos alunos quanto pelos moradores) e criassem um espaço de convivência na região, o grupo formado por professores, estudantes, funcionários da escola e a comunidade definiu metas que estruturaram a proposta de revitalização do ambiente.

A lista de sugestões dos estudantes, que podiam imaginar livremente o que desejavam, estava dividida entre as categorias:

• Possível e básico;
• Possível e relevante;
• Verificar/reinterpretar;
• Improvável; e
• Além do projeto da praça.

Em um aspecto geral, os pedidos foram de árvores frutíferas, área de piquenique, mesa de jogos, horta, trilha, arquibancada, pista de skate, quadras, casa na árvore, parkour, cinema, patinete, lago, foguete e arco-íris. O mais pedido de todos, contabilizado 103 vezes, foi o parquinho.

Com um escopo elaborado, o grupo responsável pela execução da iniciativa interpretou a lista de sugestões e optou por dar prioridade à praça na área verde do entorno da EMEF. Em seguida, eles contataram a Faculdade de Arquitetura da USP, que aceitou colocar as ideias em prática.

O pedido foi atendido pelo professor Euler Sandeville, que, em parceria com a professora Ana Cecília de Arruda, lançou uma disciplina optativa no curso de Arquitetura da universidade, chamada “Projeto de Praça Urbana”. Assim, os educadores e os estudantes, juntos, passaram a discutir e idealizar todo um projeto para a praça.

Eles contam que foram muitas conversas e reuniões entre os envolvidos, tanto em formato on-line quanto presencial. Ao final da primeira fase, toda a equipe já havia montado uma estratégia e um cronograma para as construções, que tiveram como ponto de partida a ampliação do espaço para uma área verde com mais de 14 mil metros quadrados.

O terreno incorporado pertencia à Secretaria do Verde e Meio Ambiente e da Subprefeitura de Perus, que, juntas, fizeram a doação de mais de 11 mil metros quadrados para a iniciativa.

O projeto

O planejamento consiste em propor acessibilidade universal e permitir espaços lúdicos à população. Eles devem ser de criação e de lazer e estar integrados em uma perspectiva didática. As amenidades definidas preveem a criação de áreas esportivas com três quadras, parque, pista de skate, jardim de chuva, anfiteatro, árvores urbanas e frutíferas, parede de escalada, relógio solar, horta pedagógica e uma composteira.

Na área verde, por sua vez, o processo era muito mais recreativo do que prático, e envolvia toda a comunidade da região. Nesse estágio do projeto, a equipe colocou a pedra fundamental; enterrou cápsulas do tempo em um evento com as famílias e comunidade; instalou uma rosa dos ventos feita de garrafas pets; desenvolveu “eco salas” com mesas e bancos feitos de madeira; criou um jardim sensorial repleto de amoreiras; e construiu um pluviômetro caseiro para verificar quantidade de chuva.

“Quando se oferece aos estudantes a possibilidade de serem protagonistas de seus processos de desenvolvimento intelectual e social, os ganhos individuais se somam e formam uma coletividade que transforma o aprendiz e a comunidade a qual ele pertence”, comenta a professora da EMEF Philó, Gisele de Oliveira Cardoso.

Outro ponto importante de todo o planejamento são as Eco Trilhas — roteiros construídos com material reciclável, utilizados tanto para os estudantes aprenderem mais sobre ecossistema, quanto para praticar atividades físicas associadas à contemplação e ao convívio com o meio ambiente.

O professor Claudinei Mendes da Silva, da EMEF Philó, diz que os conteúdos e conhecimentos vinculados à praça acontecerão de forma “viva”. Para ele, “a Eco Praça Philó é, por si só, a essência de um espaço pedagógico e de formação. Ele também descreve a iniciativa como a concretização do discurso teórico na sua efetividade prática, considerando que a construção dá significado ao que se aprende.

O estudante do 9º ano na EMEF Philó, Arthur Amparo dos Santos, explica a razão de querer a eco praça em seu território: “O que eu quero com o parque é inspiração para que a comunidade e os jovens vejam que a periferia tem sim o poder de mudar, de impulsionar, de criar as coisas”.

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