Em Pernambuco, greve da construção civil parou mais de 360 obras
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Cerca de 95% dos operários pararam no primeiro dia. Empresas dizem que adesão era esperada, mas atraso de obras preocupa
17 de novembro de 2015 - Mais de 360 obras pararam em Pernambuco por causa da greve dos trabalhadores da construção civil deflagrada na segunda-feira (16), de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Pesada do estado (Marreta). A entidade estima que 95% da categoria, que reúne 120 mil operários, cruzou os braços no primeiro dia de paralisação. Os números não surpreenderam o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon-PE).
“Já paramos 363 obras. E muitas são de grande porte”, revelou a presidente do Marreta, Dulcilene Morais nesta terça-feira (17). Entre os canteiros que estão fechados, segundo ela, estão os dos shoppings Olinda e Camará e os das construtoras Moura Dubeux e Queiroz Galvão, além do Complexo Aurora. O sindicato ainda pretende parar mais obras nos próximos dias. Para isso, circula pelas demais obras para conversar e convocar os operários que ainda não aderiram ao movimento.
O balanço do primeiro dia de greve foi divulgado no início desta terça, após assembleia na sede do Marreta, no centro do Recife. Segundo Dulcilene Morais, cerca de 800 trabalhadores participaram do encontro, que decidiu pela continuidade da greve. A categoria deve voltar a se reunir ainda nesta terça para avaliar o segundo dia do movimento.
Sinduscon
O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon-PE), por sua vez, afirmou que também orientou as construtoras a fecharem os canteiros de obras. O presidente do sindicato, Gustavo de Miranda, disse que esperava uma grande adesão ao movimento e fez essa recomendação para evitar protestos e confusões.
“Temos conversado com o setor e o pessoal está coeso, respeita a greve e acha o movimento legítimo. Fechamos os canteiros para não termos prejuízo e porque entendemos que o local de negociação é a mesa”, afirmou Gustavo, admitindo que o atraso das obras, provocado pela paralisação dos trabalhadores, preocupa. “Estamos com uma situação de mercado muito ruim. As obras públicas já estavam quase todas atrasadas ou paradas porque o governo não nos paga. Mas, no setor imobiliário, isso preocupa; porque o setor engloba de construtoras pequenas a empresas de grande porte”, explicou. Ele ainda revelou que os dias parados serão descontados do salário dos grevistas.
Negociação
Os trabalhadores da construção civil predem um reajuste salarial de 20%, além de adicional de hora extra de 100%, não ampliação de jornada de trabalho para os sábados, vale alimentação no valor de R$ 200 e melhorias nas refeições dos operários. Já o Sinduscon-PE afirma que não pode conceder reajuste este ano por causa dos altos gastos com décimo terceiro e férias coletivas concedidas no fim do ano. O sindicato afirma que pode concender reajuste em fevereiro. O percentual, no entanto, não foi revelado.
Segundo Gustavo Miranda, presidente do Sinduscon-PE, a última rodada de negociações não foi para a frente na quarta-feira passada (11) porque os trabalhadores invadiram um canteiro de obras. Depois disso, o Marreta afirmou que não houve mais avanços na negociação. O Sinduscon-PE, por sua vez, disse que está à disposição para conversar, mas está à espera do convite.

