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Demanda do setor industrial recua 5% no ano

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

O desempenho negativo vem principalmente da desaceleração do setor industrial

03 de setembro de 2014 - Os fabricantes de aços longos, material com aplicações industriais, na construção civil e na agropecuária, já trabalham com um cenário de 3% de retração nas vendas deste ano. O desempenho negativo vem principalmente da desaceleração do setor industrial, informaram executivos da siderurgia ao Valor PRO, serviços de informações em tempo real do Valor.

No início do ano, as projeções desse segmento era de que o país tivesse crescimento de 3% em 2014, mas esse cenário começou a desmoronar a partir de abril. As razões apontadas para a inversão de expectativas são a desaceleração da economia atrelada aos eventos da Copa do Mundo.

No país, esse segmento da siderurgia tem como principais produtores Gerdau e ArcelorMittal, além de Votorantim Siderurgia e Sinobras. Neste ano, a CSN começou a operar uma usina e a mexicana Simec vai estrear no país.

Jefferson De Paula, presidente-executivo da ArcelorMittal Aços Longos Américas Central e do Sul, disse que o primeiro trimestre ainda foi bom, mas depois disso o mercado desandou. Segundo ele, a retração de pedidos vêm principalmente de clientes industriais, que devem comprar 5% menos para suas fábricas em relação ao ano passado.

A construção civil, grande consumidora de aço longo para erguimento de moradias, edifícios comerciais e industriais e aplicações em obras de infraestrutura, deverá ficar no zero a zero. Ou até cair 1%. O único setor que ainda mostra vitalidade é agronegócio.

"A situação não está nada fácil para as siderúrgicas no país", afirma De Paula. Ele destaca que o terceiro trimestre, que costuma sempre ser um dos melhores das empresas em vendas, deverá fechar com declínio nas entregas.

As perspectivas de demanda para aços longos no próximo ano é de uma expansão pífia, entre 1% e 2%. Com isso, o mercado voltaria ao nível visto no ano passado, podendo até ser igual a 2012.

Em aços planos, feitos por Usiminas, CSN e também ArcelorMittal e Gerdau, a situação não é muito diferente. Conforme informações preliminares do setor de distribuição, as vendas em agosto podem ter ficado 15% inferiores às do mesmo mês de 2013. A indicação é de que a venda no mês passado foi tão ruim quanto em julho e junho.

Diante desse cenário tão desfavorável, para o executivo da ArcelorMittal, serão necessárias medidas urgentes na economia. "Qualquer um dos três candidatos que vença a corrida presidencial nas eleições marcada para outubro deve fazer isso, o mais rápido possível, para uma retomada da atividade produtiva a partir de 2016".

O problema da retração da atividade econômica do país, diz, não é fruto do cenário mundial. Mais de 80% está ligado a problemas internos, como o câmbio - para o qual se estima uma defasagem na casa de 30% do dólar frente ao real -, na carga tributária, nos custos de energia (o dobro do que é pago pela indústria em outros países) e de logística.

Outros países, aponta o executivo, como Colômbia, Chile, Peru e México têm crescimento acima de 4% no Produto Interno Bruto. "A Argentina, com todos os seus problemas, de default da dívida e inflação de 35% a 40% ao ano, aponta queda igual à do Brasil na demanda de aço", diz.

Segundo revisão de projeções do Instituto Aço Brasil, do início de agosto, as produção de aço neste ano cairá 2,5% ante o volume de 2013; o consumo aparente de todos os tipos de aço (vendas internas mais importação) vai cair 4,1% e as vendas internas das siderúrgicas ficarão 4,9% inferiores ao ano passado. A ocupação da capacidade das usinas no país é de 70% ou menos, abaixo da média mundial.

Para o setor, um ajuste no câmbio ajudaria tanto nas exportações - o país perde competitividade ano a ano - quanto para inibir importações. Da China, Coreia do Sul, Taiwan, países do Leste europeu e Turquia crescem os embarques aços planos e longos, bem como produtos acabados.

Segundo De Paula, neste ano, até junho, a entrada de vergalhões turcos no Brasil cresceu 30% e produtos chineses como arames e fio-máquina, de 10% a 16%.

Fonte: Valor econômico
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