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Cresce o número de construtoras que desistem do CVA devido à inflação alta

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Segundo levantamento do MDR, o aumento dos custos dos materiais de construção tornou o preço dos imóveis inviáveis para o programa

foto aérea de um canteiro de obras do minha casa minha vida
As incorporadoras foram forçadas a repassar para os consumidores o aumento nos custos (Foto: Alf Ribeiro/Shutterstock)

07/11/2022 | 11:56  Sentindo os impactos do aumento generalizado nos custos da construção, cerca de 20% das construtoras que atuavam no Casa Verde e Amarela (CVA) desistiram do programa habitacional devido à inflação alta. Em 2021, eram 791 empresas ligadas às contratações, projetos e lançamentos — número que caiu para 635, em 2022.

Os dados são do levantamento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), a pedido do Estadão/Broadcast, que também indicou pressão inflacionária especial em materiais como concreto e aço. Os resultados relativos à inflação setorial, medida pelo Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), corrobora a afirmação ao registrar crescimento de 11,2% no acumulado dos últimos 12 meses até agosto de 2022.

“A saída das empresas está relacionada à perda de rentabilidade e ao fato de terem produtos que não se enquadram mais no programa”, avaliou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. “Foi um movimento natural. A construtora só vai fazer um produto que conseguir vender e obter retorno. O mais prejudicado é quem fica sem esse imóvel.”

Como resposta, as incorporadoras foram forçadas a repassar para os consumidores o aumento nos custos. Todavia, em grande parte das ocasiões, os novos preços ficaram incompatíveis com o poder de compra dos consumidores, o que levou à suspensão dos projetos pelas empresas.

O MDR tentou solucionar as adversidades ao longo do ano. O órgão aumentou os subsídios, dilatou os prazos de financiamento e baixou os juros no Casa Verde e Amarela — visando proporcionar maior poder de compra aos consumidores. Dessa forma, as empresas puderam subir os preços e recuperar a lucratividade perdida, despertando o interesse em retomarem lançamentos dentro do programa.

Ainda assim, mesmo com os ajustes recentes, os especialistas acreditam que essa recuperação aconteça de forma lenta e gradual, após todo um processo de reestruturação das contas, de projetos, lançamentos, vendas e obras — um ciclo que deve acontecer em cerca de três ou quatro anos. Essas expectativas, todavia, não incluem necessariamente as empresas de menor porte, que, devido à menor capacidade de produção, permanecem em projeções desconhecidas.

As expectativas são de maiores reformulações com o governo presidencial que começará em janeiro. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o programa voltará a se chamar “Minha Casa, Minha Vida” e que as medidas “voltarão a priorizar as famílias de baixa renda”.

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