Construção civil projeta crescimento de 6% para 2022
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Segundo a CBIC, este deverá ser o segundo ano de alta superior à economia nacional

Os resultados para o PIB no período superaram os da economia nacional em todas as bases de comparação (Foto: August_0802/Shutterstock)
04/11/2022 | 09:57 — A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) elevou de 3,5% para 6% a projeção de crescimento do setor em 2022. A estimativa, divulgada no estudo “Desempenho Econômico da Indústria da Construção – terceiro trimestre de 2022”, foi realizada em parceria com o Senai Nacional.
Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, a atualização nas expectativas para o desempenho da construção se deu por conta de dois fatores — os resultados da atividade relativa ao segundo semestre até agora e o incremento da performance relativa ao biênio 2021/2022, “que será de 16,28% (o maior desde o período 2010/2011, quando cresceu 22,37%)”.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a estimativa de crescimento do PIB do setor em 6% e os avanços contínuos há oito trimestres ininterruptos reforçam a relevância da construção para o desenvolvimento sustentável do país.
A apuração da instituição revelou, ainda, que os resultados para o PIB no período superaram os da economia nacional em todas as bases de comparação. O resultado acumulado em quatro trimestres, comparado com os quatro trimestres anteriores, mostra um crescimento do segmento de 10,5% contra 2,6% do PIB do país.
“Com a chegada da pandemia no Brasil, as famílias ressignificaram o valor da casa própria. Assim, os lançamentos imobiliários e as vendas cresceram, trazendo um maior dinamismo para a atividade setorial. Como o ciclo de produção é longo, ainda assistimos o incremento das atividades em função disso”, justifica a economista.
Na comparação com um período pré-pandemia, o levantamento aponta que, apesar de ter superado os números relativos ao intervalo de reclusão, o setor ainda está longe de alcançar o seu pico de atividades.
O nível atual é de 12,5% (superior ao registrado no final de 2019) e 24,9% maior do que o observado no 2º trimestre de 2020 (quando a pandemia efetivamente se instalou no Brasil). “Apesar do desempenho positivo, o setor ainda está com nível de atividades 23,69% inferior ao pico registrado no início de 2014. Já a economia nacional está 0,3% inferior ao seu maior patamar, também alcançado no início de 2014. Considerando a alta de 6% para a construção, em 2022, o setor ainda acumulará queda de 21,59% no período 2014-2022. Ou seja, a construção ainda precisa avançar muito para recuperar o seu ritmo de atividades”, completa Vasconcelos.
Mercado de trabalho
O estudo também reuniu informações sobre o mercado formal de trabalho da construção e, ao apontar saldo positivo de 283.566 novos empregos com carteira assinada entre janeiro e setembro deste ano, registrou o melhor desempenho na área para os últimos dez anos. Os dados são corroborados pelo Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
“Mesmo com a pandemia, o setor foi resiliente na criação de empregos, superou os inúmeros desafios que o período impôs, cuidou de seus trabalhadores e respondeu de forma positiva para a economia do país. Isso mostra a força econômica e social da construção para o país”, afirmou José Carlos Martins.
O levantamento afirmou, ainda, que todos os segmentos de atividade da construção registraram aumento na geração de vagas com carteira assinada no período de julho de 2020 até setembro de 2022. O destaque é da construção de edifícios e serviços especializados – atividades relacionadas a demolição e preparação do terreno, instalações elétricas, hidráulicas, obras de acabamento e obras de fundações, que responderam por 63,37% das novas vagas.
“O incremento das atividades da construção tem se mostrado, de forma mais evidente, no mercado de trabalho formal. Somente nos primeiros nove meses do ano foram criadas 283.566 novas vagas no setor. Isso significa que ele respondeu por 13,20% do total de novas vagas formais abertas no Brasil (2.147.600) nos primeiros nove meses do ano”, complementou Ieda.
Custos da construção
Nos meses de agosto e setembro deste ano, o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou variação de 0,09%. “O INCC/FGV do mês de setembro de 2022 registrou variação de 0,09%, a mesma observada no mês anterior. Esse resultado aconteceu em função dos resultados do custo com materiais e equipamentos, que apresentou queda de 0,21% em agosto e de 0,31% em setembro”, explica a economista.
“As variações foram mais modestas nos últimos meses, mas o custo da construção acumula elevação superior a 30% desde 2020. Isso significa que mesmo sem variações fortes nos últimos dois meses, o custo está em patamar elevado e bem superior ao período pré-pandemia”, ela acrescentou.
Assim, o maior problema registrado pelo setor durante o 3º trimestre de 2022 foi a elevada taxa de juros, segundo a pesquisa Sondagem da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC. Em segundo lugar, os empresários apontaram como problema a elevada carga tributária. “Vale ressaltar que a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais, passando de 2% em março de 2021 para 13,75%”, lembraram os especialistas.
Há três meses consecutivos, o Iceicon, indicador de confiança da construção civil, se mantém no patamar de 60%, o que demonstra que a confiança dos empresários do setor está disseminada. A última vez que o Iceicon permaneceu no patamar de 60 pontos, por três meses consecutivos, foi no período pré-pandemia (dezembro de 2019 a fevereiro de 2020).

