Comitê de Política Monetária aumenta taxa básica de juros para 9,25% ao ano
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Essa é a sétima alta consecutiva da taxa Selic para conter o aumento da inflação

A taxa Selic foi de 7,75% para 9,25% ao ano, com previsão de mais elevações ainda para 2021 (Foto: RafaStockBR/Shutterstock)
09/12/2021 | 13:02 – O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros, ou seja, a taxa Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano. Essa é a sétima elevação consecutiva, eleita por unanimidade pelo Banco Central para tentar segurar a alta dos preços — uma decisão que já era esperada pelos analistas do mercado financeiro.
Depois de seis anos sem elevações significativas, a Selic enfrenta alta de 1,5 ponto-percentual. Atualmente, ela apresenta alta acumulada de 8,24% no ano e 10,67% nos últimos 12 meses, segundo o resultado mais recente do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado em novembro. O patamar de 7,75%, definido em outubro, era o maior desde 2017.
De março a junho de 2021, as elevações foram de 0,75 ponto percentual em cada encontro. Em março, quando esse processo começou, a taxa foi de 2% para 2,75% — o primeiro aumento desde 2015, surpreendendo aos especialistas do setor, que esperavam elevação somente de 0,5%. No início de agosto, esse valor passou para 1 ponto a cada reunião. Já em outubro, o reajuste chegou a 1,25 ponto percentual.
O prognóstico é de que o cenário permaneça preocupante nos próximos meses: o Copom já declarou que espera um reajuste de 1,5 ponto percentual no seu próximo encontro, que acontecerá em fevereiro — o que levaria a taxa a 10,75% ao ano. Em 2022, prevê-se uma elevação que supere a marca de 11%.
Como a Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação oficial sob controle — já que, com o aumento da taxa, o crédito fica mais caro, a produção e o consumo ficam desestimulados e a demanda por produtos diminui, reduzindo os preços — o Comitê afirmou que a taxa poderá ser reajustada ainda mais vezes para assegurar que a inflação permaneça dentro das metas estabelecidas pelo Banco Central.
O aspecto negativo, todavia, consiste na dificuldade progressiva de recuperação da economia cada vez que as taxas aumentam. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Para diminuir a Selic, a inflação deve diminuir também, um cenário que também não aparenta ser muito promissor para os economistas: o principal indicador inflacionário brasileiro é o IPCA, que está em 9,33%, e as previsões indicam que ele pode chegar a 10,18% ainda em 2021. Tanto o resultado em 12 meses quanto a previsão para o ano estão acima do teto da meta de inflação para 2021, em que o Conselho Monetário Nacional (CMN) havia fixado a meta para 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual — ou seja, máxima de 5,25% e mínima de 2,25%.
No âmbito macroeconômico, as consequências das mudanças estão relacionadas à dívida pública do país, já que, de acordo com o Banco Central, cada 1 ponto-percentual de aumento na Selic, mantido por 12 meses, significa acréscimo de 0,42 ponto-percentual na dívida bruta (R$ 31,4 bilhões).
A elevação na alta dos juros também eleva o rendimento dos títulos de renda fixa, cujas taxas costumam seguir a variação da taxa DI (Depósito Interbancário), atrelada à Selic. Esse crescimento do interesse em títulos de renda fixa pode acarretar uma queda na Bolsa de Valores, provocando a mudança dos investidores de uma modalidade para outra.
Outra consequência clara é a alteração na fórmula de cálculo do rendimento da poupança: atualmente, a poupança rende 70% da Selic, somada à Taxa Referencial (que hoje está zerada). Quando os juros anuais ultrapassam 8,5%, o retorno passa a ser 6,17% ao ano, também somado à TR.

