Após índice baixo, intenção de consumo volta a subir em SP
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O volume de vendas no conceito restrito, que não inclui automóveis e materiais de construção, subiram 4,3% nos 12 meses encerrados em julho
14 de outubro de 2014 - Após seis meses em queda, o índice que mede a intenção de consumo das famílias paulistanas (ICF) voltou a crescer, ao passar de 107,9 pontos em agosto para 109,4 pontos em setembro, segundo dados divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A alta de 1,4% na passagem mensal, porém, foi insuficiente para reverter a tendência de recuo anual do indicador, que caiu 11,7% em relação a igual mês de 2013, na 21ª retração seguida nessa comparação.
Por isso, o movimento do mês passado não foi considerado pela Fecomercio como um indício de recuperação das vendas no varejo. Para o assessor econômico da entidade, Fabio Pina, a variação positiva do ICF deve ser vista como um ajuste depois de uma longa sequência de retrações, ou, ainda, como um sinal de que o pior momento pode ter ficado para trás.
"Podemos estar no início de um processo de retomada, mas acho isso pouco provável", diz Pina, lembrando que os fatores condicionantes do comércio continuam pouco animadores: os juros para a pessoa física estão elevados, a inflação de alimentos em alta e a atividade econômica estagnada, o que inibe a geração de novas vagas de emprego.
O componente da pesquisa que mais aumentou frente a agosto foi o que mede a perspectiva de consumo, que subiu 4,1%, para 102,3 pontos. Nesse quesito, os entrevistados são perguntados se o nível de consumo deve aumentar, diminuir ou ficar estável no segundo semestre, em relação a igual período do ano passado.
Na avaliação de Pina, as respostas podem ter sido influenciadas pelas festas de fim de ano. "Muitas pessoas podem falar que vão aumentar seu nível de consumo, mas não necessariamente fazem a conta em relação a 2013."
O segundo item com maior elevação - 2,8% ante o mês anterior - foi o "momento para duráveis", cujo indicador passou de 90,9 pontos para 93,4 pontos. Apesar do avanço na comparação mensal, o economista pondera que o índice segue abaixo da linha divisória dos 100 pontos, o que significa que a maioria (48,1%) dos consumidores consultados classifica o momento atual como ruim para a compra desses bens.
De acordo com Pina, tanto bancos como consumidores têm adotado uma postura mais cautelosa, reforçada pelo período eleitoral, devido ao aumento das incertezas em relação ao próximo ano. Nesse cenário, diz, as vendas a crédito são prejudicadas e o mix de produtos a serem comprados tende a continuar mais conservador, como vêm mostrando os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O volume de vendas no conceito restrito, que não inclui automóveis e material de construção, subiu 4,3% nos 12 meses encerrados em julho. Já as vendas ampliadas, que consideram esses dois setores, aumentaram apenas 1,1% na mesma comparação.
Em sentido contrário ao quesito relacionado às compras de bens duráveis, todos os itens ligados ao mercado de trabalho que compõem o ICF continuam bem avaliados pelos consumidores paulistanos. Mais da metade deles (52,9%) tem perspectiva profissional positiva para os próximos meses, subíndice que avançou 2,2% sobre agosto, para 115,1 pontos. Em seguida, aparecem os indicadores "renda atual", com alta de 1,7%, e emprego atual, que cresceu 0,9%.
Na outra ponta, os itens "acesso ao crédito" e nível de consumo atual foram os únicos integrantes do ICF que cederam entre agosto e setembro, com recuo de 1,2% e 0,5%, respectivamente. Segundo Pina, esses dois componentes refletem o encarecimento do crédito e o sentimento de que, em função da inflação mais pressionada e do aumento de incertezas, o nível de consumo atual já não é mais tão satisfatório. Nas estimativas da FecomercioSP, o faturamento real do setor deve encerrar o ano empatado com 2013 na capital paulista.

