

Obras que exigem isolamento térmico e acústico encontram nas telhas metálicas com núcleo de EPS a solução ideal. Dependendo do tipo de uso, podem ser especificados os modelos ondulado, trapezoidal ou autoportante (calhetão). São de fácil instalação e, por sua leveza, não impactam o cálculo estrutural do empreendimento. Por isso, podem substituir telhas metálicas simples, com pouca alteração na estrutura. Além disso, o EPS é autoextinguível diante do fogo e 100% reciclável. Três especialistas explicam essas e outras vantagens do produto.
Telhas metálicas do tipo “sanduíche” apresentam vantagens em relação às convencionais, pois melhoram o desempenho termoacústico das edificações, aumentando o isolamento térmico e acústico. “As telhas com núcleo de EPS, frente aos demais materiais, como o PIR (poliisocianurato) e o PUR (poliuretano), apresentam melhor custo-benefício, pois são econômicas para obras de pequeno ou médio porte”, avalia a engenheira Fabiana Scharakman, coordenadora de suprimentos da Libercon Engenharia.
É interessante realizar estudos e simulações do desempenho térmico e do resultado econômico da aplicação do material em cada empreendimento. Inclusive, considerando as muitas variantes do projeto, como a quantidade de zenitais e lanternins, as trocas de ar, as venezianas e o material de fechamento lateral. “Lembrando que o produto é regulamentado pela ABNT NBR 16.373:2015 – Telhas e Painéis Termoacústicos – Requisitos de Desempenho”, informa a engenheira.
As telhas “sanduíche” com EPS são utilizadas nos mais variados tipos de obra, especialmente quando o objetivo é o conforto termoacústico. Para Scharakman, o principal consumo é feito em obras industriais e logísticas, além de edificações comerciais.
“Não há contraindicações quanto ao tipo de obra. Contudo, deve ser utilizado o EPS retardante de chamas, seguindo as recomendações da NBR 11.752:2007 – Materiais Celulares de Poliestireno para Isolamento Térmico na Construção Civil e em Câmaras Frigoríficas”, orienta o engenheiro Danilo Magalhães Gomes, titular da M. Gomes Engenharia. Ele se refere ao EPS classe F, retardante de chamas – único que pode ser empregado em núcleo de telhas termoacústicas, tanto para uso em cobertura quanto em fechamento lateral.
A utilização da solução para o isolamento térmico na cobertura de edificações é sempre benéfica. “Dependendo do tipo de clima, em especial onde a amplitude diária da temperatura do ar exterior é elevada, as edificações mais adequadas são aquelas que apresentam alta inércia térmica. Isso se obtém com paredes pesadas e espessas”, acrescenta a física Maria Akutsu, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Desde que protegido para evitar absorção de água e a incidência direta da radiação solar, o EPS atua como isolante térmico em coberturas. “O núcleo de EPS das telhas é o elemento que vai conferir maior isolação térmica à cobertura, conforme a sua condutividade térmica e espessura”, afirma Akutsu.
Para a melhoria do desempenho térmico da edificação, o telhado é o único componente em que a isolação térmica é sempre benéfica, ao contrário das paredes, nas quais a isolação térmica pode prejudicar a inércia térmica da edificação. “No entanto, é importante lembrar que devem ser consideradas as questões relativas à segurança ao fogo e à resistência à compressão, conforme o contexto em que se insere a cobertura”, destaca a pesquisadora do IPT.
O ganho com a isolação térmica se reflete na dispensa ou no baixo uso do sistema de ar-condicionado e, portanto, na economia com a conta de luz. As telhas metálicas com EPS atendem aos requisitos de isolamento térmico, acústico e de segurança da ABNT NBR 15.575:2013 – Desempenho das Edificações.
De acordo com Gomes, da MGomes Engenharia, edifícios cobertos com o produto são beneficiados por significativa redução de ruídos provocados pela chuva. A pesquisadora do IPT concorda, lembrando os diversos usos do EPS com essa função: pode atuar como absorvedor acústico; ser colocado na superfície interna de paredes ou forros de coberturas, o que contribui para diminuir o tempo de reverberação do som no ambiente; e como um elemento atenuador, quando intercalado com elementos rígidos na composição de painéis, visando o aumento da isolação sonora.
O dimensionamento da espessura e a especificação das telhas metálicas com núcleo de EPS, aliados à correta montagem da cobertura, têm grande influência para evitar a passagem de carga térmica através dos elementos de cobertura. Tendo em mãos os projetos arquitetônico e estrutural do empreendimento, o projetista do telhado deve considerar quesitos como a utilização da edificação, localização e necessidade de redução da temperatura. “Sabemos que a radiação térmica não incide somente pela cobertura, mas também pelas paredes e aberturas, como portas e janelas. O projeto deve levar em conta essas interferências, para o perfeito dimensionamento da carga térmica incidente na edificação”, ensina Gomes.
Scharakman destaca que a especificação do material deve atender às exigências de uso estabelecidas pelo cliente e ser detalhada pelo consultor. “O inicio do projeto da cobertura deve considerar a temperatura interna do ambiente e as contribuições de cada um dos sistemas construtivos da edificação”, diz.
Além da cobertura metálica com “recheio” de EPS, devem ser estudados venezianas, lanternins, zenitais, fechamento lateral, piso, equipamentos e detalhes da operação. Diante de todas as especificações técnicas – mecânicas e térmicas –, é feita a análise econômica de cada um dos itens. Para a definição final, Scharakman recomenda que as especificações técnicas sejam apresentadas para a equipe multidisciplinar da obra.
Scharakman ressalta que a telha metálica termoacústica com EPS tem baixa densidade, entre 10 e 30 kg/m³, sendo que o aumento do peso próprio da telha está vinculado às lâminas metálicas. A faixa de peso do conjunto varia de 6 kg/m² a 13 kg/m², dependendo da espessura e densidade do EPS. “Os carregamentos das telhas ‘sanduíche’ são baixos e não influenciam no dimensionamento da estrutura da edificação”, completa Gomes.
“A operação de montagem do telhado é muito fácil se comparada com as demais soluções”, destaca Gomes.
Para o passo a passo da montagem, Scharakman recomenda o Manual Técnico de Telhas de Aço da Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem)
Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br

Maria Akutsu – Física graduada pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em 1974; mestre em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP, em 1983; engenheira da qualidade, CQE, pela ASQC, em 1991; e doutora em arquitetura pela FAU-USP, em 1998. É pesquisadora no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) desde 1975, atuando na área de conforto ambiental, e também responsável técnica pelo Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios – Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT, que realiza ensaios para a determinação de valores de propriedades térmicas, acústicas e lumínicas de elementos e materiais de construção, bem como simulações computacionais e medições in loco para determinação de níveis de ruído e temperatura em edificações.

Danilo Magalhães Gomes – Engenheiro civil formado pela Universidade de São Paulo (USP). É diretor da MGomes Engenharia, empresa especializada em projetos estruturais, gestão de obras, estruturas de concreto armado, alvenaria estrutural e estruturas metálicas.

Fabiana Scharakman – Engenheira civil graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), em 1999. Possui sólida experiência na área de suprimentos, desenvolvida na incorporação imobiliária, e também em obras de médio a grande porte residenciais e comerciais, além de obras de arte e centros logísticos. Tem experiência na implantação, organização e estruturação do departamento de suprimentos, assim como no acompanhamento de Indicadores da equipe, com foco em saving e administração de contratos. Gerencia cerca de R$ 500 milhões por ano, o que corresponde a mais de 13 mil itens comprados, com equipes centralizada e descentralizada.