

O engenheiro Paulo César Lodi, pós-doutor em geotecnia e professor da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB), desenvolve pesquisas sobre o uso do poliestireno expandido (EPS) em obras de geotecnia. Os estudos envolvem a avaliação de propriedades físicas, mecânicas bem como o processo degradativo do material puro e reciclado, em diferentes massas específicas. São avaliadas suas diversas propriedades, desde massa específica, permeabilidade e absorção de água ao empuxo, resistência à compressão uniaxial e triaxial, resistência ao cisalhamento (interna e de interface) e exposição a hidrocarbonetos, líquidos agressivos (solventes, soluções ácidas e básicas) e à intempérie.
“O EPS é comumente utilizado em aplicações geotécnicas com a denominação de geoexpandido (geofoam) e pode ser utilizado na substituição de solos moles, em conjunto com obras que utilizem solos moles (aterros sobre solos moles) e, também, em aterros convencionais”, explica. As principais aplicações são em encontros de pontes e viadutos, construção de estradas sobre solos com baixa capacidade de suporte, aterros leves rodoviários, proteção de tubulações e estruturas enterradas, estabilização de taludes, alargamento de rodovias, barragens, aeroportos e pistas para taxiamento em geral.
Comparativamente a outros materiais de engenharia, Lodi afirma que o geoexpandido é amplamente utilizado em obras geotécnicas por apresentar baixa massa específica, sendo que os valores mais usuais estão situados entre 10 e 50 kg/m³. Outras propriedades são alta resistência à flexão, que vai de 70 a 250 kPa.
“É, portanto, uma ótima opção para obras em solos moles e para as aplicações já mencionadas. O EPS desempenha funções que outros geossintéticos mais tradicionais não podem desempenhar”, ressalta. E apresenta, ainda, outras vantagens, como rapidez de execução da obra; ser inerte a solos; e 100% reciclável, podendo assim ser reutilizado.
A única desvantagem do EPS está relacionada ao seu possível contato com substâncias agressivas, em particular hidrocarbonetos e solventes. “No entanto, a proteção do material com mantas poliméricas soluciona facilmente esse problema”, orienta Lodi.
De acordo com o pesquisador, o EPS possui excelente custo-benefício. Entre as razões, está a leveza do material. O baixo peso específico dispensa a locação de maquinário especializado para o deslocamento e movimentação das peças no canteiro e, também, evita a contratação de mão de obra especializada.
“Comparado às soluções convencionais, por ser um material sintético e com rigoroso controle de qualidade, o EPS proporciona alta produtividade”, informa.
Dentro do contexto da engenharia, todo material inovador precisa quebrar os paradigmas existentes. A exemplo do que aconteceu com os geossintéticos, o geofoam ainda não possui o reconhecimento que merece. Existe um certo desconhecimento de suas propriedades e aplicações. “Diversos benefícios poderiam ser utilizados em inúmeras obras. No entanto, devido à falta de conhecimento ou até mesmo de um certo receio de seu uso, muitas obras optam ainda por utilizar soluções tradicionais”, observa.
Para que o material possa ser amplamente utilizado, é fundamental a divulgação pela academia, em parceria com as empresas, dos resultados positivos das pesquisas relativas às suas propriedades, aplicações e tudo o que o envolve. “É o caminho para fomentar o uso do geofoam, uma vez que atende muito bem às diversas necessidades existentes no cenário nacional. O surgimento de novas empresas também pode ser um elemento de destaque para que o material adentre ainda mais ao mercado de geossintéticos”, conclui Lodi.
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Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br.

Paulo César Lodi – Possui graduação em Engenharia Civil pela Unesp - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Geotecnia pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC - USP). Também realizou Pós-Doutorado pela Universidade do Texas em Austin (EUA) (2008); Livre Docente pela UNESP (2015); Pós-Doutorado pela Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) (2019-2021). Possui vínculo empregatício com a Unesp - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" onde foi docente no campus de Ilha Solteira até abril de 2011. A partir desta data atua como docente no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB) sendo responsável pelas disciplinas da área de geotecnia, em particular, Mecânica dos Solos e Obras de Terra (Graduação) e Geossintéticos e Metodologia Científica (Pós-Graduação). Sua linha de pesquisa atual está relacionada com geotecnia ambiental e geossintéticos (propriedades e degradação).