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SOLUÇÕES EM EPS

EPS se mostra ambientalmente amigável no seu ciclo de vida

No processo produtivo do poliestireno expandido, pouca energia e água são consumidas. Na construção civil, gera baixo índice de resíduos, que podem ser reciclados

Hosana Pedroso

EPS se mostra ambientalmente amigável no seu ciclo de vidaEPS se mostra ambientalmente amigável no seu ciclo de vida
Com custo-benefício muito competitivo, o poliestireno expandido é versátil e se adapta a todos os tipos de construção (Foto: Divulgação/Grupo Isorecort)

Do ‘berço’ ao ‘túmulo’ dos produtos, a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é fundamental para o consumo consciente. Na construção civil, é possível optar pelos diversos usos do poliestireno expandido (EPS), seja em bloco, placa ou produto acabado, e respeitar o meio ambiente. Basta que a indústria fabricante e a construtora adotem os procedimentos necessários à logística reversa para a reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos.

“Cada vez mais se discute sobre o consumo consciente de materiais, bem como sobre seu descarte adequado, seja por meio de obrigatoriedade legal, seja por meio das próprias estratégias das empresas”, observa Miguel Bahiense, presidente do Instituto Sócioambiental do Plástico (Plastivida). No setor da construção civil não é diferente. Construtoras, escritórios de engenharia e de arquitetura têm se preocupado em prescrever, em seus projetos, produtos sustentáveis. “Nesse sentido, o EPS ganha notório espaço, uma vez que, além de ser isolante térmico, é 100% reciclável e reaproveitável”, destaca.

Requisitos da ACV

A Avaliação do Ciclo de Vida procura identificar as consequências ambientais e à saúde humana dos produtos ao longo de sua vida útil (do berço ao túmulo), abrangendo desde a extração e processamento da matéria‐prima até o descarte final, passando pelas fases de transformação e beneficiamento, transporte, distribuição, uso, reúso, manutenção e reciclagem.

Até o momento, a Plastivida não submeteu o poliestireno expandido à avaliação, mas é certo que o material responde positivamente a quesitos essenciais em seu ciclo de vida. “O processo produtivo de transformação do EPS é bem simples. O consumo de energia elétrica é reduzido e a água consumida é reutilizada no processo, evitando desperdício”, informa Bahiense.

O processo produtivo de transformação do EPS é bem simples. O consumo de energia elétrica é reduzido e a água consumida é reutilizada no processo, evitando desperdício, Miguel Bahiense

Além disso, a indústria não utiliza gás CFC, nocivo à camada de ozônio, mas o gás pentano que faz parte do poliestireno. É ele que, sob a ação de vapor e pressão, faz expandir as pérolas da matéria-prima 50 vezes mais, até chegarem a 6 mm cada. O pentano se define como hidrocarboneto que, em reação fotoquímica com a radiação do sol, se decompõe rapidamente, sem prejuízo ao meio ambiente e ao homem.

O transporte de peças de EPS tem a vantagem do seu baixíssimo peso, com reduzido desgaste do caminhão ou de qualquer outro modal. Referência básica é o bloco do tipo 1F com 8 cm de espessura e 1m linear, com peso total de 264 gramas. A explicação é simples: o EPS é constituído por 98% de ar e 2% de matéria-prima.

Tanto na produção quanto na utilização do EPS no canteiro, a geração de resíduos é baixa, pois, em geral, a empresa compradora solicita o material na quantidade e dimensões exatas da obra. “Ou seja, todo o EPS que chega no canteiro tem as características técnicas daquela obra, o que diminui – e muito – a possibilidade do descarte massivo de material”, observa Bahiense.

Reciclado, o EPS volta ao berço

Com custo-benefício muito competitivo, o poliestireno expandido é versátil e se adapta a todos os tipos de construção. “O Grupo Isorecort comercializa produtos já transformados para diversos segmentos e aplicações, desde blocos, lajotas, telhas, placas, forros, molduras, painéis monolíticos (Monopainel®) para o segmento da construção civil; calços, cantoneiras e peças técnicas para o segmento industrial; placas e calhas para o segmento de refrigeração; caixas térmicas para laboratório, pescado e lazer”, diz Rodrigo Rezende, gerente Administrativo da empresa.

Hoje, o setor da construção civil é importante consumidor de EPS virgem e o maior consumidor de Material Reciclado (MR). Para se ter uma ideia de volume, apenas o Grupo Isorecort recicla, em sua planta fabril, cerca de 1.224 ton/ano, o equivalente a 195 mil m³/ano. “A capacidade de reciclagem das linhas internas, por processo de moagem dos produtos, chega a 1.958 ton/ano”, complementa Rezende. São recicladas sobras de EPS oriundas do processo interno de recorte dos produtos e, também, da logística reversa feita junto aos clientes, que se somam à aquisição de terceiros, entre eles, de cooperativas de coleta. Clique aqui e assista a um vídeo institucional do grupo que mostra um pouco desse processo de reciclagem.

A capacidade de reciclagem das linhas internas, por processo de moagem dos produtos, chega a 1.958 ton/ano, Rodrigo Rezende

De acordo com Miguel Bahiense, o que tornou possível que os resíduos voltassem à linha de produção, portanto ao berço, foi a quebra do paradigma de que o EPS não é reciclável, resultado do trabalho de conscientização que toda a cadeia produtiva vem desenvolvendo. “No entanto, ainda é necessário ampliar a toda a sociedade a informação de que o EPS é reciclável e que é reciclado no Brasil, sendo transformado em produtos com valor agregado e completando, assim, o ciclo da Economia Circular”, ressalta o presidente da Plastivida.

Ele acrescenta que é igualmente importante um olhar do legislativo, para desenvolver leis que apoiem e incentivem a reciclagem, a partir da estruturação da coleta seletiva de materiais em todos os municípios, o que ainda não é uma realidade no país. Daí a importância da logística reversa e, no limite, o descarte deve ser feito seletivamente, para que seja possível o encaminhamento desses produtos para a reciclagem. “Reciclagem é um processo importante para que os resíduos pós-consumos possam ser reinseridos na economia, gerando emprego, renda e preservando o meio ambiente – princípios da Economia Circular”, sublinha Bahiense.

A reciclagem diminui a quantidade de resíduos em aterros, aumentando a sua vida útil. Gera a redução do consumo de matéria-prima virgem, insumos e energia nos processos produtivos, por meio da reintrodução do polímero reciclado na cadeia produtiva. Promove a geração de emprego e renda em atividades relacionadas à logística reversa e reciclagem. E, ainda, aumenta a disponibilidade de matéria prima reciclada no mercado. “Com o EPS não é diferente. Como se trata de um plástico 100% reciclável, deve ser coletado seletivamente e encaminhado para a reciclagem, processo que vai transformar esse material em novos produtos, com valor de mercado”, conclui o presidente da Plastivida.

Confira também:

Reciclagem faz do EPS uma matéria-prima circular

Para mais informações e detalhes técnicos, acesse: www.isorecort.com.br ou www.monopainel.com.br.

Colaboração Técnica

entrevistado-alex-alves

Miguel Bahiense — Graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduado em Comunicação Empresarial pela FAAP. Tem experiência nas questões ambientais que envolvem a relação do setor plástico com setores da sociedade, tais como mídia, governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), formadores de opinião, universidades, entre outros. É presidente da Plastivida e do Instituto Brasileiro do PVC, além de diretor do Instituto Nacional do Plástico (INP) e gerente de Projetos do Think Plastic Brazil. Atua na promoção e defesa da imagem dos plásticos, com foco na sustentabilidade.

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Rodrigo Rezende — É advogado com bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (FDSBC). É integrante do Comitê de EPS do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), também participa como membro da Comissão Setorial do EPS da Associação Brasileira das Indústrias Químicas (Abiquim). Atualmente é gerente Administrativo do Grupo Isorecort.