

As inúmeras propriedades técnicas do poliestireno expandido (EPS) fundamentam sua utilização na arquitetura, com variadas funções. O Studio ArqBR domina o conhecimento sobre o material e já emprega em, pelo menos, três situações distintas – preenchimento de laje, isolamento térmico de containers e nivelamento de piso. Já a arquiteta Heloisa Losi, de Botucatu, interior de São Paulo, desenvolve molduras internas e externas com EPS para residências de alto padrão e defende o material como opção superior ao gesso.
Com base em sua experiência, o arquiteto Eduardo da Mata, coordenador de projetos, elenca as vantagens e benefícios do poliestireno expandido. “O material pode ser utilizado para diversas finalidades e com custo mais baixo que outros de semelhantes finalidades”, confirma. Como isolante térmico e acústico, apresentou melhor custo-benefício quando comparado a outros materiais como o PUR (poliuretano).
Como forma de preenchimento de lajes e enchimentos em geral, o EPS tem a vantagem de ser bastante leve e resistente. “Ao aplicarmos cargas, sua deformação é bem pequena, o que nos faz optar por ele para todos os tipos de enchimentos necessários em obra”, destaca.
Outra grande vantagem do EPS é ser um produto reciclável, podendo se converter em outros produtos plásticos ou até mesmo colas, solventes e outros produtos. “Esta característica também influencia bastante nosso julgamento quanto a seu uso. É muito bom saber que estamos utilizando materiais que não darão origem a resíduos permanentes no meio ambiente”, complementa Mata.
Sua aplicação é fácil, e sem necessidade de equipamentos específicos para cortes, furos e outras formas de manipulação. Isso se torna ainda mais vantajoso, porque não requer contratação de mão de obra especializada, deixando o material passível de ser empregado em qualquer tipo de obra. “Quando existe a necessidade de travamentos ou fixadores, produzimos estas peças na própria obra com barras de ferro ou outros itens de uso corriqueiro”, afirma.
O arquiteto Eduardo da Mata considera o EPS como elemento indispensável nos sistemas estruturais de lajes treliçadas. Os blocos são inseridos entre as vigotas do sistema e, sobre ele, é executada a laje. “Temos utilizado bastante esse sistema, por conta de seu baixo peso, melhor desempenho e baixo custo em relação a sistemas semelhantes”, detalha, lembrando sua capacidade de vencer vãos ainda maiores do que os propiciados pelas peças cerâmicas. Os blocos de poliestireno expandido são mais fáceis de perfurar para passagem de infraestruturas diversas do que os cerâmicos que, em muitos casos, se quebram durante a execução dos furos.
“Estamos tratando de um sistema fechado, desenvolvido pelo fabricante, não havendo grandes dificuldades depois de encontrada essa solução construtiva”, comenta e exemplifica com uma obra em São Paulo de 210 m² de área construída, onde foi adotado sistema de lajes em trilhos protendidos, aliado a paredes em alvenaria estrutural e uma fundação rasa, o que gerou grande economia ao cliente durante a construção.
“Por sua leveza, usamos o EPS também no preenchimento de estruturas que necessitam de maiores dimensões, sem acréscimo de materiais pesados”, relata. É o caso da aplicação de placas de EPS sobre lajes de concreto, para aumento de cota de nível e posterior execução do contrapiso.
O Studio ArqBR vem acumulando projetos de sucesso com containers marítimos, nos quais o EPS atua como elemento de isolamento térmico. “Após certo tempo em busca de uma solução para as questões térmicas, nos reunimos com uma empresa especializada em projetos térmicos e acústicos e chegamos às placas de EPS. Aplicamos as placas entre os montantes das paredes internas dos containers, que são cobertas por drywall para o acabamento”, revela.
Já na cobertura, para não interferir com o pé-direito, o escritório optou por instalar as placas de EPS na parte externa, por cima dos containers. “Para que não ficassem soltos, aplicamos uma pequena camada de concreto magro por cima, garantindo a fixação e permitindo o tráfego de pessoas para manutenção”, fala.
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O escritório adota placas de poliestireno expandido em todos os seus projetos que exigem nivelamento do piso de varandas, especialmente de apartamentos. “Essa solução apresenta melhor desempenho e menor peso, se comparada ao preenchimento com bolas de argila. Como as varandas são áreas em que as lajes têm menor resistência, qualquer diminuição de carga sobre elas é positiva”, observa. O EPS tem a vantagem adicional de ser mais resistente à compressão do que a argila, que se movia quando aplicada pressão nos pisos acima delas, causando retrabalhos em obra.
Segundo Mata, o projeto mais desafiador foi o do apartamento CAFE, por ser um dúplex com uma varanda em cada andar, num total de 50 m². A economia de peso foi essencial no nivelamento dessas áreas com a parte interna do imóvel, até porque os clientes gostariam de utilizar as varandas para o encontro com amigos.
O desejo de personalizar as molduras que aplica nas fachadas e ambientes internos das residências de alto padrão que projeta foi a razão principal da arquiteta Heloisa Losi optar pelo EPS. “A facilidade de execução e a leveza do material, considerando a carga estrutural do prédio, também foram fundamentais na minha decisão, aliadas à qualidade final das peças”, diz.
Na comparação com o gesso, material convencional para preparação de molduras, o poliestireno expandido (conhecido popularmente como “isopor”) apresenta vantagens importantes. “As peças são muito mais resistentes e mais bem-acabadas. Ao contrário do gesso, posso desenvolver peças enormes, porém leves e de fácil aplicação”, revela, acrescentando que a usinagem das molduras em EPS, com desenhos exclusivos, não teriam a mesma precisão de detalhes. “Até porque o conceito que mais utilizo e desenvolvo são os clássicos”, complementa.
O nível de dificuldade para a instalação das peças, principalmente nas fachadas, depende muito da altura e de sua utilização, o que pode exigir reforço na fixação das molduras.
Losi desenvolveu uma peça que chamou de ‘moldura calha’, produzida em EPS e revestida em chapa galvanizada. Essa moldura corre pelo perímetro dos telhados e capta toda água pluvial.
“Visualmente, parece ser apenas uma peça decorativa, mas, na verdade, tem função técnica. Além de captar a água, projetei com distância que gerou um espaço muito bom para fazer a limpeza da calha manualmente. Como a casa situa-se em um condomínio fechado e bem arborizado, é constante a queda de folhas sobre o telhado, exigindo limpeza frequente da calha”, relata Losi.
Usos em estudo
O escritório Studio ArqBR estuda o uso do EPS em flocos junto à mistura do concreto, como forma de acrescentar volume ao material. “Também estamos planejando o simples reuso de placas de EPS descartadas como entulho em obras com containers, para o revestimento de paredes e cobertura”, conta, ressalvando que a ideia ainda terá que conquistar clientes e outros profissionais. Ele defende que o material não perde suas características após ter sido utilizado, e nem carrega resíduos prejudiciais em sua estrutura. “Além disso, ficarão, por exemplo, dentro de paredes, o que mostra ser ainda mais indiferente se o material é novo ou reutilizado”, conclui Mata.
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Eduardo da Mata – Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 2007. Ingressou no StudioARQBR em 2012 e atualmente é responsável pela coordenação de projetos e organização de equipe. Sempre acompanhando o desenvolvimento da arquitetura no país e no mundo.

Heloisa Losi – Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – UNESP/Bauru, há quase 30 anos. Acumula mais de mil projetos nas áreas comercial, corporativa, hoteleira, de entretenimento e empreendimentos imobiliários. Desenvolveu o projeto urbanístico preliminar do Parque Tecnológico, em parceria com a Prefeitura de Botucatu e a UNESP Campus de Botucatu.