

O poliestireno expandido (EPS) é opção para edificações que visam conquistar o selo Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). Totalmente reciclável e fabricado sem o uso do gás CFC — nocivo à camada de ozônio e contribuinte para o aquecimento global —, o material ainda proporciona benefícios como conforto termoacústico. Assim, graças às suas propriedades técnicas, é capaz de atender a diferentes critérios da certificação ambiental.
“Um único material não é capaz de atender completamente às certificações ambientais — tarefa realizada pelo conjunto de soluções empregadas no empreendimento. É necessário realizar cálculos visando suprir as demandas de cada requisito”, ensina o engenheiro Eduardo Straub, sócio da consultoria StraubJunqueira.
Na especificação dos produtos que serão usados no projeto de edificação sustentável, é importante evitar aqueles que constam da RED List — relação internacional de materiais considerados prejudiciais à saúde humana. No documento estão, por exemplo, as madeiras tratadas com creosoto, arsênio e pentaclorofenol, além das soluções que levam o mercúrio em sua composição. “O EPS está fora da RED List, ou seja, é material que não causa danos à saúde humana”, destaca Straub.
Para conquistar a certificação LEED, o empreendimento deve cumprir variados critérios de sustentabilidade que geram pontos. Entre os requisitos, está a utilização de materiais recicláveis. “O EPS se enquadra nessa condição por ser 100% reaproveitável”, afirma o engenheiro. Os resíduos do poliestireno expandido podem ser usados de diferentes maneiras, como na fabricação de concreto leve — bastante usado no preenchimento de lajes.
A particularidade de o EPS ser reutilizado também é considerada por outro critério do LEED: a especificação de soluções com conteúdo reciclado. “São materiais/produtos que tenham os reciclados em sua composição quando manufaturados”, comenta Straub. Nesse caso, existem os elementos pré-consumo, quando ainda não cumpriram sua função antes de ser reciclados, e os pós-consumo, que tiveram sua vida útil encerrada antes do envio para reaproveitamento.
No pré-consumo, é possível mencionar um produto de EPS com algum erro de fabricação que teve de ser descartado. Porém, ao invés de ir para o lixo, foi encaminhado para servir como matéria-prima de outro tipo de material”, detalha o especialista. Um exemplo de pós-consumo seriam os blocos de poliestireno expandido usados no enchimento de piso que, durante o processo de desconstrução do imóvel, são retirados e destinados à reciclagem.
“É importante lembrar que a ISO 14.021 — Environmental Tabels and Declarations —, que define o que é pré e pós-consumo, diz que caso o material seja reciclado antes de ter sua vida útil vivida e seja utilizado para a fabricação do mesmo tipo de produto, ele não é considerado um pré-consumo, mas um beneficiamento da própria fábrica”, ressalta o engenheiro.
Para que o EPS cumpra esse requisito, o fabricante deve informar a porcentagem de material reutilizado que emprega na fabricação de seus produtos. O mercado disponibiliza os blocos de Material Reciclado (MR), produzidos com 20% de sobras de EPS reciclado e 80% de matéria-prima virgem. O resultado é um produto de boa qualidade e utilizado em situações menos nobres.
Além de optar por fornecedores que ofereçam essa informação, também é preciso levar em consideração a localização da indústria no momento da compra do EPS, afinal, o LEED considera a utilização de materiais regionais. “A ideia da regionalidade é adquirir soluções com fabricação e extração de matérias-primas realizadas dentro de um raio limite máximo. O referencial CASA estipula 500 km, já o LEED falava em 500 km na versão 3, porém, na versão 4 mudou para 160 km”, explica Straub.
Há critérios bastante específicos da certificação ambiental, somente cumpridos por determinados materiais e, nos quais, o EPS não se enquadra. É o caso do uso de madeiras que tenham o selo FSC, soluções de rápida renovação (até 10 anos) e especificação de elementos Bio-Based — provenientes da agricultura, silvicultura e produtos biológicos sustentáveis.
O SiNAT (Sistemas Convencionais e Inovadores) do Ministério das Cidades apresenta o desempenho técnico para habitações de interesse social. Nele, é possível encontrar as Fichas de Avaliação de Desempenho (FAD) para produtos e materiais. Nesses documentos são especificados critérios para cada produto, visando o atendimento da Norma de Desempenho NBR 15.575, como segurança estrutural e contra incêndio, uso e operação, estanqueidade à água, desempenho acústico e térmico, durabilidade, dentre outros.
As certificações estão mudando o conceito do que é considerado produto sustentável e pedindo aos fabricantes a realização de estudos complexos, ao quais ainda há rara aderência no Brasil. “São comprovações de que as soluções atendem, de fato, aos requerimentos necessários para a conquista dos selos”, observa Straub. Ele se refere à Análise do Ciclo de Vida (ACV) e/ou à Declaração Ambiental do Produto (EPD).
Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br
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Eduardo Straub – Engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia Mauá e pós-graduado em Gestão Ambiental pelo Senac. Tem curso de especialização em Construções Sustentáveis pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), master em Gestão de Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), mestrando em Qualidade de Vida nas Edificações pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). É certificado LEED AP BD+C, WELL Faculty, WELL AP e Fitwel Ambassador. Membro dos comitês do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), participante dos comitês das certificações GBC Casa e Zero Energy e presidente do Comitê de Qualidade do Ar para adaptação da Certificação WELL na América Latina. Como engenheiro civil, atuou nas áreas de planejamento, suprimentos, qualidade e gerenciamento para obras industriais, estação de tratamento de água e usinas termoelétrica e eólica. Como consultor de obras sustentáveis, atua desde 2009 com certificações para empreendimentos que buscam selos verdes.