

Presente em todo tipo de projeto, o vidro é um material que necessita de cuidados durante seu transporte até o canteiro, e no período de armazenamento na obra. A garantia da integridade do produto passa pela utilização de elementos que o protejam nos procedimentos de logística e estocagem.
“Os vidros devem ser instalados no menor prazo possível. Por isso, é importante um bom cronograma e sincronismo com o fornecedor para definir o melhor momento para entrega”, destaca o engenheiro Luiz Jorge Simões Pinheiro, consultor da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). A recomendação é que a chegada no canteiro aconteça na fase final da obra, próximo à etapa de instalação das esquadrias.
Apesar de o cenário ideal ser aquele em que o vidro fica pouco tempo estocado na obra, ainda assim é indicado o uso de materiais de proteção. “Deve ser armazenado na posição vertical e em ambiente coberto, seco e em piso nivelado. Normalmente, os vidros ficam sobre cavaletes de madeira, observando um ângulo que varia entre 4° a 6° em relação ao plano vertical”, explica Pinheiro. Esse local precisa ser isolado, com indicações que chamem a atenção dos profissionais da obra.
Em situações com número excessivo de peças é necessário o uso de espaçadores para melhor acondicionamento das pilhas. Essa função pode ser cumprida pelo poliestireno expandido (EPS), que é colocado de maneira intercalada entre os vidros para evitar o atrito. Devido às suas características, o material oferece proteção mecânica, sem o risco de arranhões devido ao movimento do transporte.
No mercado, alguns fabricantes também utilizam o EPS como cantoneira. Esse tipo de proteção é especialmente importante para os vidros temperados, que têm justamente nas pontas sua parte mais vulnerável. Além do poliestireno expandido, o papelão e a madeira são outras opções para essa função.
É necessário, ainda, evitar o armazenamento em ambientes úmidos, por longo período de tempo, já que o fenômeno pode gerar uma reação química provocada pela falta de ventilação entre as chapas. “As peças devem ser instaladas num tempo adequado, de acordo com recomendação do fabricante”, ressalta Pinheiro.
No momento de colocar o vidro no caminhão, a principal indicação é que os equipamentos empregados sejam compatíveis às condições do carregamento das chapas. “Utiliza-se empilhadeira, ponte rolante ou pórtico, com uso de cintas de aço”, afirma Pinheiro. As operações são executadas por pessoas habilitadas. “Importante destacar que cada pilha de chapas, em dimensões standard (3,21 x 2,20m), pesa cerca de 2 toneladas”, complementa.
São utilizados equipamentos metálicos (colares ou cavaletes, calhas e escoras) para a montagem das pilhas e também no travamento e fixação do conjunto no assoalho da carroceria, sempre na posição vertical. “O posicionamento da carga tem que manter o equilíbrio e a distribuição de peso”, adverte o especialista, lembrando que os operadores devem sempre estar com seus equipamentos de proteção individual (EPIs).

Na logística também podem ser usados os espaçadores de EPS entre as pilhas para evitar o atrito. “Normalmente, são colocados três espaçadores para melhor distribuição de esforço”, comenta Pinheiro, indicando que outra opção é o papel neutro. ”Os vidros são apoiados em borrachas macias, calços de madeira ou papelão para evitar danos às bordas”, completa o consultor da Abividro, informando que as condições do meio de transporte devem atender a legislação vigente.
Depois de fixados aos caixilhos e instalados nos vãos, os vidros não necessitam de novos elementos de proteção. “O mais importante após a instalação é a limpeza adequada, com produtos recomendados pelos fabricantes, bem como limpezas periódicas”, informa Pinheiro. Nessa etapa, a grande atenção dos profissionais da obra é evitar que a aplicação do revestimento nas paredes cause respingos nas janelas e portas.
Depois do uso, a construtora precisa se preocupar em como descartar corretamente as peças de EPS que foram empregadas na proteção dos vidros. “Para ser encaminhado para a reciclagem, o material não pode conter nenhum tipo de impureza”, ressalta Hewerton Bartoli, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon).
No entanto, o especialista comenta que, na maioria dos casos, o EPS acaba sendo contaminado por outros elementos. “Devido ao alto nível de exigências em relação às impurezas, muitas vezes, se torna inviável enviá-lo para os recicladores”, afirma Bartoli. Assim, ele é encaminhado para o descarte nos aterros sanitários de classe II – aqueles que recebem os resíduos sólidos que não são considerados perigosos.
Para o presidente da Abrecon, é difícil manter o EPS segregado para evitar contaminações dentro do canteiro. “Já temos a tecnologia disponível para realizar a reciclagem do material utilizado em vários ramos de atividade, além da construção civil, como o de embalagens”, finaliza.
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Luiz Jorge Simões Pinheiro – Engenheiro Civil, exerceu atividades profissionais para o Grupo Saint-Gobain durante 40 anos. Atua no mercado de vidros planos há 22 anos. Foi diretor comercial da Cebrace Cristal Plano por sete anos. Atualmente, é consultor da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), responsável pelo Marketing Regulatório – Vidro Plano Construção Civil.

Hewerton Bartoli – Formado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), com MBA em Construção Civil pela Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). Fundador e presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon). Atua nas áreas de demolição, gestão e reciclagem de resíduos de construção civil há seis anos. Conduz o próprio negócio, a R3ciclo, empresa especializada em britagem de rocha e Resíduos da Construção e Demolição (RCD), consultoria em Plano de Gerenciamento de Resíduos (PGRCC), demolições sustentáveis e remoção de amianto em todo o Brasil.