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SOLUÇÕES EM EPS

Saiba o que é EPS e como usá-lo na construção civil

O EPS (poliestireno expandido) pode ser empregado na construção civil em diferentes etapas da obra, sempre com diversas vantagens

Hosana Pedroso

Saiba o que é EPS e como usá-lo na construção civilSaiba o que é EPS e como usá-lo na construção civil
O EPS pode ser usado de diversos modos na construção civil (foto: Radovan1/shutterstock)

Ao especificar o poliestireno expandido (EPS) para obras da construção civil, projetistas e construtores devem considerar a finalidade de uso, a carga a que o material será submetido e o desempenho projetado. “Com essas informações, o fabricante poderá auxiliar na indicação do produto mais adequado”, diz o engenheiro Denilson Rodrigues, consultor técnico do Grupo Isorecort. Ele destaca as principais utilizações do material: lajota para lajes nervuradas; geotecnia; enchimento e elevação de piso; usinagem e modelagem; e revestimento de piso e parede.

A ABNT NBR 11752:2016 – Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na construção civil e refrigeração industrial – Especificação – subdivide o EPS em oito grupos, de acordo com a densidade. “As especificações são diferentes para cada um deles, considerando suas capacidades de absorção de carga, de umidade, de isolamento térmico e acústico. Portanto, a escolha do produto é muito mais complexa do que alguns acreditam, pois existem diferenças importantes entre os oito tipos classificados pela norma”, afirma.

Há, ainda, o produto identificado como Material Reciclado (MR), não descrito pela norma. Esses blocos são constituídos por 20% de sobras de EPS reciclado e 80% de material virgem. O resultado é um produto para uso menos nobre, mas também de boa qualidade. Sua densidade gira em torno de 9 a 10 Kg/m³, próximo e quase similar ao EPS do tipo 1 que tem 10 kg/m³. Pode ser utilizado como elemento inerte em lajes e como pré-fôrma na construção civil, ou em outras situações que não exijam grande solicitação de carga.

EPS na construção civil

O EPS tem diversos usos na construção civil, com destaque para:

  • Isolamento térmico
  • Lajes
  • Geotecnia
  • Enchimento/elevação de piso
  • Usinagem e modelagem

LAJOTAS DE EPS PARA LAJES NERVURADAS

Por sua leveza e capacidade de isolamento térmico e acústico, as lajotas de poliestireno expandido (EPS) substituem, com vantagens, o elemento cerâmico no enchimento de lajes nervuradas. Mas é preciso conhecer os parâmetros para sua correta especificação. “Os dois principais são a distância entre as vigotas (intereixo) e a altura da laje. “Quanto maior for o intereixo e quanto menor for a altura da laje, maior terá que ser a densidade do EPS”, ensina Rodrigues, acrescentando que lajotas do tipo MR podem ser empregadas em lajes com altura maior, que permitem distribuir melhor as cargas.

O EPS, assim como a cerâmica, é utilizado nas lajes como elemento inerte, ou seja, não tem função estrutural no conjunto. Atuando como enchimento/fôrma, é solicitado apenas na fase de concretagem. “É um momento crítico, em que o material precisa estar bem dimensionado de acordo com a altura da laje. Quanto mais baixa for a laje – com lajotas de 7 a 12 cm de espessura –, é recomendável utilizar EPS de qualidade superior, preferencialmente entre o tipo 1 e o 3. Se a laje for muito esbelta, entre 7 e 8 cm de altura, o ideal é o tipo 2. Acima dessa espessura, é possível usar até o MR sem qualquer problema”, diz.

A ABNT NBR 15575 – Norma de Desempenho das Edificações Habitacionais estabelece alguns parâmetros para lajes. Para atendê-los, por exemplo, a espessura da laje maciça deve ter, ao menos, 10 cm. Já a da laje nervurada deve ser maior. “Antes da norma, era comum encontrar lajes maciças, principalmente, de até 5 cm, o que resultava em sérios problemas, principalmente de conforto acústico”, comenta o engenheiro.

Para se enquadrar na norma de desempenho, lajes nervuradas com lajotas de EPS terão espessura total acima de 12 cm. Essa altura aliada à capacidade do poliestireno expandido de absorver ruídos resulta em maior conforto acústico, além do térmico. Quando comparado à lajota cerâmica, o material tem a vantagem adicional da facilidade de corte, o que permite executar geometrias e modulações diferenciadas, além do manuseio.

O baixo peso do EPS torna mais simples a atividade de transporte no canteiro até os pontos de montagem da laje – um fardo pesa cerca de 10 kg/m³, enquanto que o de cerâmica chega a 2 ton/m³. “Além disso, a cerâmica é um material que apresenta muita perda, pois quebra no transporte até a obra e na sua mobilização e execução da laje. Lembrando que são cacos que geram resíduos e podem ferir os operários”, comenta.

EPS EM GEOTECNIA

O EPS tem múltiplas funções em obras de geotecnia, como construção de rodovias e de aterro para muros de arrimo. A solução surgiu para viabilizar obras de estradas em países com problemas de solos moles, chuvas e neve por longos períodos do ano.

Blocos de EPS para esse tipo de uso têm especificação de densidade mais elevada com, no mínimo, 20 kg/m³, que é o tipo 5F (o “F” indica que é um material aditivado com um composto antipropagação de chama). Dependendo do caso, pode ser empregado até o tipo 8F. O EPS, ao contrário do solo e outros materiais residuais, não exige compactação, sendo simplesmente colocado/montado no terreno.

Uso igualmente interessante dos blocos de EPS é na substituição do solo para aterro, no tardóz do muro de arrimo, aliviando as cargas (empuxo lateral) que lhe são transmitidas. “E, portanto, minimizando a sua estrutura, o que se reflete na redução de custos com material e mão de obra, além de prazo. No caso, por exemplo, de pátio de manobra de carretas de uma empresa ou centro logístico, a área por sobre os blocos de EPS pode ser utilizada. “Desde que os blocos de poliestireno expandido sejam dimensionados para as cargas que trafegarão ali. E, também, que o projeto e a execução obedeçam a premissas técnicas preestabelecidas”, observa.

Atualmente, existe um grupo de estudos – do qual o Grupo ISORECORT faz parte – que se reúne regularmente na Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) para preparar uma norma técnica específica para regular o uso do EPS em geotecnia. Enquanto isso, a orientação dos projetos nacionais tem por base as normas europeias e norte-americanas.

EPS PARA ENCHIMENTO/ELEVAÇÃO DE PISOS

Já está consolidado na engenharia brasileira o emprego dos blocos de EPS para estruturação de arquibancadas de estádios de futebol, teatros e auditórios. Outro uso comum é na elevação de piso de lajes de edifícios que sofrem a interferência de sistemas elétrico e hidráulico e, ainda, no caso de reforma de prédio onde é preciso nivelar o piso existente com o novo.

A principal diferença na especificação dos blocos para essas finalidades de uso está na densidade em função das cargas. “A arquibancada de um estádio de futebol tem exigência muito superior àquela do piso hospitalar, por exemplo. No estádio, além da carga estática, milhares de pessoas se movimentam intensamente. Isso gera ondas que, em determinadas frequências, pode causar patologias à obra. Essas ondas podem ser interrompidas/absorvidas pela utilização do EPS”, informa o engenheiro. Para casos mais brandos de carga pode ser utilizado desde o EPS do tipo 1. E, para sobrecargas mais elevadas, o tipo 5.

Degraus de piscinas estruturados em EPS e revestidos de concreto, por ficarem submersos, estarão sujeitos a uma carga igual à pressão de água – a relação é 1 x 1, ou seja, 1 m de altura corresponde a 1 tonelada de carga. Assim, para uma piscina de dimensões médias, o EPS tipo 3 geralmente é o recomendado.

“Fazemos a indicação da classe mínima do EPS, mas há profissionais que se sentem mais à vontade utilizando uma margem de segurança, com densidades mais elevadas. Ocorre, também, de recebermos especificações inferiores ao ideal. Nesses casos, procuramos esclarecer e oferecemos suporte técnico ao projeto. Se o cliente insiste, abrimos mão da venda, porque a especificação incorreta poderá, muito além das patologias na obra e dos decorrentes transtornos financeiros, comprometer a segurança dos usuários”, conta Rodrigues.

EPS PARA USINAGEM E MODELAGEM

São vários os usos do EPS e, portanto, das densidades ideais para usinagem e modelagem de protótipos, fôrmas e moldes. Na indústria, por exemplo, é comum que a usinagem seja mecânica, utilizando equipamentos como fresas, tornos e, até mesmo, máquinas de corte do tipo CNC (Computer Numeric Control). Para obtenção de moldes de qualidade e maior precisão, essa atividade pede poliestireno expandido com maior densidade, em geral acima do tipo 5.

“Por outro lado, o EPS é a matéria-prima mais utilizada na confecção de carros alegóricos no carnaval brasileiro e na decoração de fim de ano de shoppings centers. Peças de grandes dimensões, cortadas manualmente, podem ser feitas com poliestireno expandido entre os tipos 1 e 3 – mais fáceis de manipular. Já quando o trabalho artístico tem maior riqueza de detalhes, melhores resultados são alcançados com o EPS mais denso, até o tipo 5.

PLACAS EM EPS PARA REVESTIMENTO TÉRMICO E ACÚSTICO

Pouco difundido no Brasil, o uso de placas de EPS para revestimento externo de paredes tem o objetivo de agregar conforto térmico, reduzindo a passagem de calor para os ambientes. As placas podem variar de 30 a 40 mm de espessura e vão do tipo 1 ao 3 – em geral, o 3 é o mais indicado, em função de sua resistência. “O material vai funcionar como barreira térmica. Depois de aplicado, recebe revestimentos como argamassa armada e/ou aditivada”, informa Rodrigues, lembrando que esse uso, pela ação do clima inverso, é comum em países frios.

As placas de EPS também podem ser usadas internamente, criando um ambiente de temperatura isolada (microclima), à semelhança de uma caixa térmica. Um exemplo são as salas de reuniões em indústrias, localizadas ao lado de linha de produção de elevada temperatura. Ao revestir as paredes com o poliestireno expandido, mesmo depois de o sistema de ar-condicionado ser desligado, a temperatura mais fria e confortável permanece no ambiente. As paredes podem ser revestidas com qualquer tipo de material, das madeiras ao porcelanato. É solução ideal para Centros de Processamento de Dados (CPD), que exigem baixa temperatura.

Para minimizar ruídos vindos de outros pavimentos, as placas de EPS revestem pisos. São placas de 10 a 15 mm, de baixa densidade, pois têm melhor efeito no isolamento acústico. Sobre as placas, é executado o contrapiso e o revestimento final. “A função do EPS, neste caso, é isolar o contrapiso da laje, impedindo a propagação do ruído de impacto”, ensina.

Veja 10 razões para executar lajes com EPS

Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br 

Colaboração Técnica

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Denilson Rodrigues – Engenheiro Civil formado pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atua com projetos estruturais e acumula grande experiência com obras de concreto armado, elementos pré-fabricados, painéis e cortinas de contenção. É responsável pela área de engenharia e de desenvolvimento técnico do Grupo Isorecort.