

A produtividade na execução das obras é tema de estudos e preocupação constante de toda a cadeia da construção civil. Do amplo leque de atividades que acontecem no canteiro, a produção de estruturas de concreto tem sido objeto de teses e pesquisas na engenharia, na busca da máxima eficiência.
De acordo com o professor doutor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a produção de uma estrutura de concreto convencional exige, como regra geral, a execução de três serviços diferentes: as fôrmas, a armação e a concretagem. “Portanto, sua produtividade está relacionada ao esforço demandado por estes três serviços”, afirma.
Medir a produtividade de qualquer serviço significa entender a quantidade de homens-hora necessários para produzir uma unidade do mesmo. Desta forma, é comum o entendimento de homens-hora (Hh) por metro quadrado de fôrma, ou por kilo de armadura, ou por metro cúbico concretado. “É possível também somar o esforço demandado por esses três serviços e falar na produtividade da estrutura, neste caso expressa em Hh por metro cúbico de estrutura de concreto armado executado”, explica Souza.
Na busca de um diagnóstico da atual produtividade na execução de estruturas de concreto armado no Brasil, o professor coordenou recentemente um trabalho realizado pela empresa Produtime em parceria com o SindusCon-SP. Foram estudadas 16 obras de 16 das principais construtoras que atuam na Grande São Paulo. “Para andares tipo repetitivos, de edifícios de múltiplos pavimentos, chegou-se a um valor mediano de 9,2 Hh/m³ de estrutura”, conta.

Souza vem coordenando, ainda, um trabalho de aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), gerido pela CAIXA e Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “São estudados casos bastante variados de estruturas, separando os esforços em produtividades das fôrmas, da armação e da concretagem”, expõe.
No SINAPI, também estão disponíveis os resultados obtidos para lajes nervuradas feitas com o uso de lajotas de poliestireno expandido (EPS) e de cerâmica. Abrangem todas as partes da estrutura, edificações baixas e altas, entre outras. Os dados se originam de levantamento feito em diferentes regiões do Brasil. O documento pode ser acessado clicando aqui.
“Em todos esses trabalhos, mais do que medir a produtividade, procura-se explicar a razão da variação dos valores encontrados. No caso do estudo realizado pela Produtime-SindusCon-SP, identificamos valores que variaram de 6,0 a 19,3 Hh/m³. As causas estão associadas à construtibilidade do projeto, aos componentes utilizados, ao processo construtivo adotado e à melhor ou pior organização do trabalho”, ressalta Souza.
Nesse contexto, o professor considera que as lajes nervuradas com componentes em EPS podem oferecer uma alternativa interessante do ponto de vista da produtividade. “Comparadas com as estruturas de concreto armado convencionais, o conjunto formado pelas vigotas e as peças em EPS fazem o papel de molde para a capa de concreto, abrangendo uma parte do serviço convencional de fôrmas”, frisa, acrescentando que em termos das fôrmas restaria o cimbramento a ser feito, sendo este normalmente menos complexo que o relativo a uma laje convencional. A própria armadura e o concreto são reduzidos, pois já estão parcialmente nas vigotas.
Quando utilizada a estrutura convencional, em casos de pouca repetição de um mesmo tipo de laje, há que se dividir o esforço da fabricação das fôrmas por um número limitado de usos, piorando a produtividade e levando a custos maiores de madeira por unidade de estrutura executada. “E, finamente, a qualidade geométrica, o baixo peso e as dimensões dos componentes em EPS podem contribuir para a minimização do esforço do trabalhador, podendo levar à melhoria da produtividade”, conclui.
Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br.

Ubiraci Espinelli Lemes de Souza – É Engenheiro Civil e mestre (USP); doutor em Engenharia de Construção Civil (USP e Pennsylvania State University). Atua como Professor Livre Docente do Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica da USP. É autor de quatro livros e centenas de artigos e entrevistas sobre Gestão da Construção: produtividade, canteiro de obras, desenvolvimento de produtos e processos para a construção. Fundador e diretor das empresas Produtime e Indicon, com atuação nas maiores e melhores construtoras, fornecedores e financiadores da Construção no Brasil.