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SOLUÇÕES EM EPS

Por que o EPS é indicado para projetos que visam conforto térmico?

Como o material possui muito ar parado dentro das pequenas pérolas de poliestireno, tem importantes propriedades de isolamento. Veja como especificá-lo e compare-o a outros produtos

Hosana Pedroso

Por que o EPS é indicado para projetos que visam conforto térmico?Por que o EPS é indicado para projetos que visam conforto térmico?
O EPS também se destaca pelo baixo peso e resistência (foto: Dagmara_K/shutterstock)

Uma das propriedades mais conhecidas do poliestireno expandido (EPS) é a de isolamento térmico, e isso acontece porque o material é constituído por cerca de 98% de ar em estruturas de células fechadas. “E o ar tem baixa transmitância térmica, ou seja, é ótimo como isolante térmico”, completa a arquiteta e mestre em engenharia civil Josiane Reschke Pires, docente na UniFtec – Centro Universitário e Faculdades, no Rio Grande do Sul.

Roberto Lamberts, doutor em engenharia e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reforça: “O EPS tem propriedades de isolamento térmico, pois possui muito ar parado dentro das pequenas pérolas de poliestireno”.

"O EPS tem propriedades de isolamento térmico, pois possui muito ar parado dentro das pequenas pérolas de poliestireno", Roberto Lamberts

A escolha do EPS como material para isolamento térmico tem como principais vantagens seu desempenho e custo-benefício. “O material apresenta, ainda, características importantes como baixo peso, resistência, durabilidade, atoxidade e absorção de choques. Tudo isso faz do poliestireno expandido um produto muito versátil”, diz.

COMPARATIVO

Dependendo das temperaturas a serem isoladas, podem ser utilizados diferentes materiais. Algumas faixas de temperaturas necessitam de materiais especiais para prover o isolamento necessário. “Contudo, a construção civil geralmente trabalha com temperaturas entre 10°C a 45°C, faixa passível de ser atendida pelo EPS”, explica Pires.

Entre os materiais que também cumprem a função de isolantes térmicos estão lã de vidro, lã de rocha, lã de pet. “Todos são muito parecidos. Alguns são resistentes à água e outros não; alguns ao fogo e outros não. A escolha vai depender da aplicação, em que cada um pode ser mais recomendável”, observa Lamberts.

O EPS se diferencia dos demais materiais por ser um produto atóxico e resistente a impactos, podendo ser utilizado colado às superfícies – é o caso do uso em revestimento externo de paredes –, ou apenas posicionado ao sistema, quando empregado entre blocos de paredes duplas ou acima do forro. “Outra vantagem desse produto é o custo, mais barato que os demais materiais”, comenta Josiane Pires.

DESEMPENHO X USOS

Um dos principais usos do poliestireno expandido na construção de edifícios é justamente quando o projeto exige isolamento térmico. É o caso das lajotas de EPS como elemento inerte para lajes, no telhado com a função de isolante térmico, no revestimento de paredes e de pisos.

Lamberts afirma que as lajotas de EPS têm a função de aliviar o peso do sistema e colaborar no isolamento térmico, apesar das pontes térmicas dos elementos estruturais. “Os blocos são instalados entre vigotas de concreto, material que conduz bastante calor. Já as áreas da laje preenchidas com o EPS ficam bem isoladas termicamente”, explica. Na função de isolante térmico para telhado, o professor ressalta que o melhor desempenho é obtido quanto maior for a espessura do poliestireno expandido.

Para Josiane Pires, o EPS deve ser empregado, prioritariamente, nos elementos da envoltória da edificação (coberturas e paredes externas), pois são eles que proporcionam o isolamento térmico da edificação. “O desempenho térmico final será dependente, também, do sistema construtivo desses elementos”, diz ela, ressaltando que os painéis monolíticos para a construção de paredes garantem maior desempenho térmico.

De acordo com Lamberts, se o EPS for usado no revestimento interno, será eliminada a inércia térmica da parede. “Ao colocar carga térmica no ambiente, a temperatura tende a aumentar. O calor será absorvido na capacidade térmica da parede de concreto ou elemento cerâmico. Se for revestida com EPS, a parede vai perder sua inércia térmica, e não vai ajudar na redução da amplitude térmica. O ideal, portanto, é que seja usado na face externa da parede”, diz.

No caso do revestimento de piso com EPS com o objetivo de isolamento térmico, o professor recomenda evitar sua aplicação no pavimento térreo, pois o contato com o solo é desejável. “Na maioria dos climas brasileiros, em que a temperatura média anual fica entre 18 e 24 °C, é possível aproveitar a inércia térmica e estabilidade térmica do solo. Ao descer cerca de 6 metros, a temperatura é constante o ano inteiro e muito parecida com a média da temperatura externa. O solo vai ajudar a retirar calor do ambiente e doar calor nos períodos mais frios”, ensina Lamberts.

ESPECIFICAÇÃO CORRETA

Alguns cuidados devem ser adotados na utilização do poliestireno expandido para isolamento térmico. Segundo a professora, é essencial na construção civil especificar o EPS classe F, composição que utiliza retardante a chamas. “O principal cuidado é garantir a sua reação ao fogo, através de laudos e relatórios técnicos, feitos por laboratórios especializados, devido às instruções técnicas de bombeiros e da NBR 15575-4:2013”, orienta.

Quando utilizado como revestimento externo de paredes, o EPS deve ser protegido com tela de fibra de vidro reforçada, véu de poliéster ou não-tecido de poliéster e uma camada de basecoat. De maneira geral, o EPS é compatível com todos os demais materiais e sistemas. “Já existem no mercado produtos que fazem a colagem das placas de EPS a sistemas construtivos como concreto e aço”, finaliza Josiane Pires.

"Já existem no mercado produtos que fazem a colagem das placas de EPS a sistemas construtivos como concreto e aço", Josiane Reschke Pires

Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br 

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Colaboração Técnica

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Josiane Reschke Pires – Arquiteta e Urbanista formada pela UNISINOS (2010), mestre (2013) e doutoranda em Engenharia Civil pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tem experiência em Projetos de Pesquisa e Projetos de Arquitetura, na Área de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em arquitetura residencial e comercial. Docente do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo na UniFtec. Trabalha há 5 anos na área de desempenho térmico e eficiência energética de edificações e 4 anos de experiências adquiridas sobre a NBR 15575, sobretudo nas áreas de sistemas convencionais e inovadores, iluminação, térmico e acústica, como analista de projeto do itt Performance/Unisinos. É professora de arquitetura e consultora PBE Edifica (Selo Procel), em eficiência energética, conforto e desempenho térmico de edificações comerciais e residenciais.

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Roberto Lamberts – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980), mestrado em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983) e doutorado em Civil Engineering - University of Leeds (1988). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua na área de Engenharia Civil, com ênfase em Eficiência Energética, desempenho térmico de edificações, bioclimatologia e conforto térmico. É supervisor do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações na UFSC. É editor associado dos periódicos Energy and Buildings, Science and Technology for the Built Environment. É membro do comitê editorial dos periódicos Journal of Building Performance Simulation e Ambiente Construído. É membros das associações científicas ANTAC, Associação de Tecnologia do Ambiente Construído (onde foi da diretoria por vários mandatos), membro do Conselho Brasileiro para a Construção Sustentável (CBCS) e IBPSA, associação internacional para a simulação do desempenho de edificações. É ainda membro do GT e ST de edificações do MME apoiando o desenvolvimento da etiquetagem de eficiência energética em edificações.