

Além de tradicionalmente servir a indústria de embalagens para alimentos, o poliestireno expandido (EPS) está cada vez mais presente na construção civil brasileira. A explicação para esse uso crescente está nas propriedades técnicas do material. A baixa utilização de matéria-prima — menos de 5% de poliestireno — o torna excelente isolante térmico, ideal para coberturas e paredes. Já a alta resistência mecânica e a facilidade na modelagem o colocam entre as alternativas viáveis para o nivelamento de pisos.
A longa vida útil é outra das principais vantagens do EPS. “Por ser um composto inerte, atóxico e sem prazo de validade, o poliestireno expandido tem durabilidade indeterminada”, afirma Ivam Michaltchuk, conselheiro e coordenador do Comitê do EPS do Instituto Plastivida. Mantendo seu desempenho por extensos períodos de tempo, o material é opção segura e apropriada para diferentes aplicações na obra.
De acordo com Michaltchuk, a durabilidade não é influenciada pela etapa de produção. “O processo de fabricação é cíclico e sem sofrer alterações de operação, gerando como resultado um produto sempre eficiente e seguro”, diz. Além de não interferir na vida útil do EPS, essa fase tem particularidades que tornam o composto ambientalmente mais adequado. Por exemplo, sua industrialização não utiliza o gás clorofluorcarbono (CFC), agressivo à camada de ozônio.
Para que todas as demais propriedades técnicas do poliestireno expandido sejam garantidas, a indústria dá especial atenção ao padrão da qualidade dos insumos. Eles devem ser certificados por meio de laudos, principalmente quando o produto final for destinado para a fabricação de embalagens que entrarão em contato direto com alimentos. Já para as construtoras que optam pelo poliestireno expandido em seus projetos, a recomendação é de dar preferência aos fornecedores com boa reputação no mercado.
Na construção, o EPS entra em contato com muitos materiais. “O poliestireno expandido é largamente utilizado por suas propriedades de leveza, resistência, durabilidade e características de isolamento térmico e acústico. Em aplicações decorativas, ele também é bastante comum, como base para aplicação de tintas, fitas adesivas, vernizes, ornamentos e outros elementos de acabamento”, comenta Michaltchuk.
Essa versatilidade permite que ele seja empregado em conjunto com o aço galvanizado para fabricação de painéis monolíticos. Também é possível mencionar a adição das pérolas de poliestireno expandido à preparação do concreto, visando a adquirir uma mistura mais leve. A integração com outros materiais, como aço e concreto, não interfere na elevada durabilidade do EPS.
Diferentemente de soluções como a madeira, o poliestireno expandido não permite que microrganismos e pequenos insetos se desenvolvam em sua superfície, ameaçando sua vida útil. Isso acontece porque o material não absorve a umidade do ar, condição necessária para a multiplicação de qualquer ser vivo.
Existem certos compostos, como os solventes a base de petróleo, que afetam a durabilidade do poliestireno expandido. “Os solventes orgânicos (hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos ou halogenados, álcoois, cetonas, éteres e outros), na verdade, promovem a reciclagem química do EPS, reconvertendo-o à condição de monômero (produto químico). Exemplo simples é a alteração das propriedades físicas do material com o uso de gasolina”, explica Michaltchuk.
Por esse motivo, quando o EPS é empregado em obras de geotecnia, em especial em trechos de rodovias, recomenda-se a aplicação de mantas de proteção que envelopam todo o material. Pois, no caso de algum acidente em que exista vazamento de gasolina escorrendo para o subsolo, o poliestireno expandido não entrará em contato direto com o combustível, mantendo assim suas propriedades técnicas preservadas.
Quando descartado incorretamente no meio ambiente, o EPS se fotodegrada pela ação da radiação solar, convertendo-se em micropartículas que não interferem ou prejudicam o ecossistema. Ou seja, mesmo nessa situação, não existe o risco de contaminação do subsolo ou de rios e lagos. “Quem contamina os lençóis freáticos, o ar respirável e os cursos d’água são o chorume e o gás metano, gerados na decomposição de material orgânico”, comenta o coordenador do Comitê do EPS do Instituto Plastivida.
A destinação ideal para os resíduos do EPS é a reciclagem mecânica, afinal, o material é 100% reaproveitável. O poliestireno expandido reciclado é utilizado por diferentes mercados, que vão desde a construção civil até a confecção de calçados e itens domésticos. É bastante comum encontrar esse tipo de material no enchimento de pufes, vasos de flores, molduras para quadros, perfis decorativos, solados de sapatos e até mesmo em objetos escolares, como canetas e réguas.
“Todos os esforços do Comitê de EPS da Plastivida têm o objetivo de levar informações técnicas confiáveis para a população (educação ambiental) e promover ações que viabilizem o retorno pós-uso do EPS para a cadeia produtiva. Desta forma, estamos contribuindo não somente com a preservação do meio ambiente, mas também com a geração de emprego e renda para as cooperativas de reciclagem”, finaliza Michaltchuk.
Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br.
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Ivam Michaltchuk – Formado em Administração de Empresas pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), tem MBA em Administração Global pela Universidade Independente de Lisboa. É pesquisador e autor de projetos de educação ambiental. Diretor da MSI Treinamentos, ocupa também os cargos de conselheiro e coordenador do Comitê do EPS do Instituto Plastivida. Tem 26 anos de experiência na organização de palestras, treinamentos, seminários, workshops e cursos técnicos.