

Em 2017, a estação ferroviária londrina de South Hampstead estava fechada há mais de dois anos e as obras da plataforma inviabilizadas por severas restrições. Por sua localização, no centro da cidade, o acesso de trabalhadores, materiais e equipamentos era limitado a, no máximo, 2 horas semanais e proibido nos finais de semana. A saída foi utilizar blocos de poliestireno expandido (EPS), material que possibilitou a conclusão dos trabalhos em apenas 45 dias.
O sistema construtivo de plataformas modulares com EPS foi amplamente estudado e testado. Obteve aprovação formal da Network Rail, a maior empresa pública ferroviária da Grã-Bretanha, e demonstrou conformidade com todos os padrões britânicos. O material foi escolhido por sua excelente resistência à compressão, durabilidade, sustentabilidade e facilidade de manuseio. Pode ser empregado em obras de extensão e reforma, ou construção de novas plataformas de estações de trens.
Os blocos de poliestireno expandido possibilitam velocidade de obra quatro vezes superior à dos sistemas tradicionais de plataformas, e até três vezes maior do que o tempo exigido pelos modulares de aço. Além disso, é um sistema mais barato, pois requer escavação mínima e dispensa fundação de concreto.
O sucesso do sistema em EPS resultou no fornecimento de blocos para 18 plataformas ferroviárias, começando com a construção na estação de Peterborough, onde o tempo de obras foi reduzido de 20 semanas para 20 dias.
Para o professor doutor José Orlando Avesani Neto, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), especialista em poliestireno expandido para uso em geotecnia, a solução é surpreendente, porém muito pertinente. “Esse tipo de uso do EPS, desenvolvido por empresas e profissionais ingleses, é inédito. Qualifico essa iniciativa técnica como ‘pensar fora da caixa’. Ou seja, existiam limitações de horário e espaço de trabalho para construir a plataforma ferroviária com sistemas convencionais, no centro de Londres. Eram permitidas poucas horas por semana, o que inviabilizava a obra. Diante do desafio, esse pessoal foi criativo e encontrou o caminho”, diz.
Plataformas de estações ferroviárias são, a rigor, muros de arrimo. Os trilhos estão a uma cota de cerca de 1,5 m da plataforma, local em que os passageiros acessam os trens. “Há duas opções para segurar o solo nesse desnível: a construção de um muro de contenção, ou o que a engenharia chama de ‘caixão perdido’, em que se faz uma estrutura de concreto armado ou metálica, com um vazio interno”, explica.
No caso de Londres, diante das limitações de espaço para circulação de equipamentos e de tempo para a atividade, se tornou impossível a execução da obra de forma economicamente viável. No caso do concreto armado, seria preciso mobilizar armações e executar a concretagem, enquanto que a estrutura de aço pedia equipamentos mais pesados para movimentar as peças das estruturas – pilares, lajes e vigas –, além de ligações e solda.
“O geofoam é o material que serve perfeitamente para esse tipo de aplicação, pois tem resistência e rigidez. Os ingleses montaram os blocos de EPS feito ‘lego’ e com peças pré-fabricadas de concreto que foram encaixadas, fechando o sistema na parte superior para transferência de carga, criando a calçada. E, também, na lateral, como proteção mecânica – uma simples parede de fechamento. São peças de concreto muito mais esbeltas se comparadas ao sistema convencional, com menos consumo de cimento e taxa de aço reduzida”, diz o professor.
Na construção de plataformas, é preciso observar o mesmo passo a passo adotado para obras de aterros, inclusive envelopando os blocos com geomembrana, para evitar que tenham contato com hidrocarbonetos, com os quais o EPS é incompatível. “É interessante o uso porque o projeto já pode prever a paginação dos blocos a serem cortados pelo fornecedor nas dimensões pré-estabelecidas. E entregá-los na obra etiquetados para cada posição, bastando montá-los”, ensina, acrescentando que a execução dispensa mão de obra qualificada.
Na avaliação de Avesani, esse uso para o poliestireno expandido é possível em qualquer país, inclusive para o Brasil. O maior entrave aqui é a falta de projetos de novas estações hoje e no futuro próximo. “Os ingleses têm uma cultura muito enraizada de transporte ferroviário. Nós somos o oposto, especialmente quando se pensa em transporte de passageiros, com exceção da cidade de São Paulo, que valoriza o metroviário”, comenta.
O professor vislumbra a viabilidade da solução em EPS para as plataformas dos corredores de ônibus e para VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), geralmente construídas em cota acima da via. “Para esses corredores, em São Paulo, há dificuldade de fazer obras de terraplanagem e de preencher esses locais com solo e compactar. Portanto, o sistema de poliestireno expandido para plataformas é muito bem-vindo”, conclui.
GeoSolution®, o sistema de EPS para geotecnia
O GeoSolution® é o produto de poliestireno expandido desenvolvido pelo Grupo Isorecort para substituição de aterros convencionais na construção de rodovias, ferrovias, aeroportos, encontro de pontes e viadutos e contenção de muros. Tem função, ainda, na estruturação de arquibancadas de estádios, ginásios, teatros, cinemas, entre outras edificações.
Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br ou www.geosolution.com.br
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José Orlando Avesani Neto – Engenheiro Civil, Mestre e Doutor pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP). Atuou como Consultor e Pesquisador no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) em obras de infraestrutura como barragens, túneis, escavações urbanas, fundações, monitoramento e modelos físicos e numéricos e como consultor in company no mercado de Geossintéticos. Atualmente é consultor nas mesmas áreas pela Avesani Consultoria Geotécnica e Professor Doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP).