menu-iconPortal AECweb
AECweb logo

SOLUÇÕES EM EPS

De que forma o EPS pode crescer na construção civil nacional? Entenda

Diferentemente de outros países, inclusive sul-americanos, o Brasil não aproveita de maneira plena todos os benefícios que o poliestireno expandido pode proporcionar para obras civis

Vinícius Veloso

De que forma o EPS pode crescer na construção civil nacional? EntendaDe que forma o EPS pode crescer na construção civil nacional? Entenda
70% do EPS consumido na Europa é destinado a obras de engenharia (Foto: KOBRYN TARAS/ Shutterstock)

O poliestireno expandido (EPS) é usado como solução construtiva há mais de 40 anos na Europa, e as obras de engenharia são responsáveis por mais de 70% do consumo do material na região. Essa tradição atravessou o Atlântico e chegou ao Canadá e Estados Unidos, países onde o aproveitamento do EPS também é bastante elevado no mercado da construção civil, principalmente quando o objetivo é criar barreiras térmicas contra o frio.

Mais recentemente, o poliestireno expandido passou a ser especificado para projetos na América do Sul, sendo que o Chile e o Paraguai são as duas regiões que mais fazem uso do material. “Ao viajar para países que são nossos vizinhos, é comum encontrar construções feitas inteiramente em painéis de EPS, o que ainda é raro no Brasil”, comenta o engenheiro Denilson Rodrigues, consultor técnico do Grupo Isorecort.

"É possível afirmar que no Brasil a solução ainda está sendo ‘descoberta’ pela construção civil", Denilson Rodrigues

Segundo dados da Associação da Indústria Química do Brasil (Abiquim), o consumo per capita de EPS no Chile, em 2012, era de 1,21 kg. Isso porque o governo local exige medidas de isolamento térmico para as residências construídas no país e o poliestireno expandido é uma das soluções que cumprem muito bem essa função. Já no Brasil, o consumo anual per capita de EPS, em 2014, era de 0,49 kg — número que nos deixa bastante atrás de nossos vizinhos.

“É possível afirmar que no Brasil a solução ainda está sendo ‘descoberta’ pela construção civil”, analisa Rodrigues, indicando que o material começou a ser usado no território nacional, principalmente, como elemento inerte em lajes pré-fabricadas. “Isso foi há cerca de 12 anos”, informa. Desse período até hoje, o material foi conquistando espaço em outros segmentos e atualmente marca presença nos painéis monolíticos, blocos e placas para revestimentos interno e externo.

A barreira do tradicionalismo

De acordo com o especialista, a construção civil nacional está com certa defasagem em relação às tecnologias no geral. “Porém, isso é algo que vem mudando graças à globalização. O acesso facilitado às informações permite que nossos técnicos, engenheiros e arquitetos conheçam de maneira mais abrangente o que vem sendo utilizado lá fora”, avalia. Com isso, soluções consolidadas no exterior acabam tendo maior facilidade em penetrar no mercado nacional.

No entanto, existe outra barreira que precisa ser superada: o excesso de tradicionalismo dos profissionais brasileiros. “É uma questão de acomodação, se a pessoa já executa o mesmo tipo de obra há muito tempo e sempre usando os mesmos materiais, não sente a necessidade de evoluir”, comenta o engenheiro. Assim, acabam fechando as portas para alternativas novas e que são capazes de oferecer resultados muito mais satisfatórios.

"Se a pessoa já executa o mesmo tipo de obra há muito tempo e sempre usando os mesmos materiais, não sente a necessidade de evoluir", Denilson Rodrigues


Foto: KOBRYN TARAS/ Shutterstock

Divulgação técnica

Para alterar essa realidade, é necessária divulgação técnica dos benefícios que o EPS pode oferecer. “Principalmente junto dos profissionais responsáveis pela especificação. Todo o material que usamos na construção civil, principalmente em obras maiores, é definido e especificado por esses especialistas”, afirma Rodrigues. Entre os fatores que impactam nessa escolha está a experiência anterior com determinado produto.

Quando os projetistas começarem a optar mais pelo poliestireno expandido, a tendência é que o uso do material seja mais frequente em outras obras. “Os profissionais que atuam no canteiro, como mestre de obra, encarregados e pedreiros, vão passar a conhecer melhor os benefícios da solução. Depois desse primeiro contato, serão capazes de reproduzir a utilização em outros locais onde trabalharão no futuro, ajudando na divulgação”, explica o especialista.

Segundo ele, o EPS pode ser aproveitado tanto em grandes obras quanto em construções mais básicas. Um exemplo são as obras de habitação social, uma vez que ele é capaz de agregar qualidade e redução de custos. “É uma solução que pode ajudar a sanar a deficiência de moradia existente no mercado. É um material muito bom, repleto de tecnologia que pode ser explorada, falta somente atingir as pessoas certas”, avalia Rodrigues.


Outra ação com potencial de auxiliar na popularização do EPS é a realização de palestras e apresentações dentro da universidade. “Esse tipo de trabalho serve para criar o primeiro contato entre o futuro engenheiro/arquiteto e o material. Quando o profissional sai da sala de aula conhecendo novas e boas tecnologias, estará mais propenso a utilizá-las no seu cotidiano”, informa Rodrigues.

Foto: Nor Gal/ Shutterstock

O mercado nacional do EPS entendeu a importância da divulgação e já adota diversas medidas. Há, por exemplo, campanhas para divulgar os painéis monolíticos, molduras, painéis para fechamento de shafts, entre outros produtos. Outro tipo de uso que também está sendo bastante difundido é na geotecnia, algo que no exterior é bastante frequente na execução de subleito para estradas de rodagem.

Normas e ensaios

A realização de ensaios técnicos, como o dos painéis monolíticos, também ajuda a popularizar o EPS no Brasil. Esses testes vêm de uma exigência do próprio mercado, afinal, quando surgem novas opções também nascem questionamentos sobre sua qualidade e eficiência. “Temos procurado parcerias com laboratórios, institutos e associações. Esse trabalho acaba dando aparato mais técnico para quem é da área de engenharia e arquitetura”, diz Rodrigues.

Exemplo é a parceria firmada com a Abiquim para nacionalizar a norma de EPS para fins geotécnicos. “Isso está em andamento e temos um grupo de estudos em parceria com a entidade”, informa o engenheiro.

Poder público

O poder público pode incentivar órgãos e entidades a trazerem tecnologias de fora, pois, para o Brasil, é importante ter esse conhecimento para participar do mercado mundial. “Temos diversas grandes construtoras que concorrem em licitações internacionais. É importante termos o domínio dessas tecnologias e conhecimento, pois isso traz a possibilidade de uma empresa nacional executar obras pelo mundo. É de total interesse do governo esse tipo de incentivo, para que a indústria nacional cresça mundialmente”, finaliza Rodrigues.

Para mais informações e detalhes técnicos, acesse www.isorecort.com.br 

Leia também: 

Painéis monolíticos de EPS são regulamentados pelo Ministério das Cidades

Colaboração Técnica

arquiteta-e-urbanista-josiane-reschke

Denilson Rodrigues – Engenheiro Civil formado pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atua com projetos estruturais e acumula grande experiência com obras de concreto armado, elementos pré-fabricados, painéis e cortinas de contenção. É responsável pela área de engenharia e de desenvolvimento técnico do Grupo Isorecort.