

Você sabia que o Poliestireno Expandido (EPS) é um material extremamente leve e capaz de assumir diferentes formatos? Rapidamente, o produto foi ganhando espaço em diversos setores, como o de embalagens, automobilístico e da construção civil. E, atualmente, a solução marca presença em várias etapas do processo construtivo.
Entre os principais usos na construção estão lajes pré-fabricadas; núcleo para telhas termoacústicas; pérolas para confecção de concreto leve; elevação de pisos existentes; estabilização de taludes e aterros; sub-base para pavimentação de estradas, rodovias e pistas de pouso em aeroportos; flutuadores em portos e marinas; placas monolíticas para alvenaria; elementos de proteção térmica; forros; molduras; e sancas.
“O EPS é uma solução mais inteligente e econômica para execução de edificações do que as opções tradicionais. O material garante uma série de vantagens, como a realização rápida da obra, canteiro limpo e isolamento térmico excelente”, detalha a arquiteta Fanny Solange, CEO do escritório Domingos de Arquitetura. Todo esse sucesso pode ser explicado pelas propriedades técnicas do material.
De acordo com a Comissão Setorial de EPS da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), as principais propriedades técnicas que devem ser analisadas no momento de especificar o EPS são densidade, resistência à compressão e extinguibilidade. O grupo ressalta que cada aplicação apresenta determinadas peculiaridades que precisam ser analisadas por profissional capacitado.
Existem normas técnicas que detalham as características que o material deve apresentar. Por exemplo, a ABNT NBR 11.752 — Materiais Celulares de Poliestireno para Isolamento Térmico na Construção Civil e Refrigeração Industrial — Especificação — informa os índices de resistência à compressão, resistência à flexão, permeabilidade ao vapor d’água, entre outras características.
“Nos projetos arquitetônicos, são levadas em consideração espessura, modularidade, se o produto suporta as exigências de vãos livres e também a organização da obra”, enumera Solange, lembrando que uma edificação que recebe soluções de EPS não apresenta diferenças visuais em relação às construções convencionais. “Além disso, é uma alternativa interessante para ampliações, por ser leve e não sobrecarregar a estrutura pré-existente”, completa.
O EPS está disponível em dois tipos: P e F, sendo que o empregado na construção civil deve, obrigatoriamente, ser da Classe F. A Comissão Setorial de EPS da Abiquim informa que esses produtos têm em sua composição um elemento que retarda a propagação das chamas, tornando-os autoextinguíveis. Ou seja, não alimentam o fogo em caso de incêndio e acabam se “dissolvendo” quando expostos a altas temperaturas.
O derretimento acontece por volta dos 70°C e não cria resíduos que poderiam funcionar como combustível para propagação do incêndio. Como o EPS dissolve, não deve ser usado sozinho como elemento estrutural, mas sempre acompanhado de outros materiais, como malhas de aço ou concreto. Geralmente, o EPS é utilizado somente como produto para enchimento, aplicado no interior da laje ou de painéis, por exemplo.
“O tratamento do EPS é responsabilidade do fornecedor. Em caso de incêndio, o fogo não se propaga na edificação, ficando completamente localizado e controlável. Além disso, existe a camada de concreto nas paredes e na laje. Unindo ambas as características, é possível afirmar que a estrutura é mais resistente do que uma parede tradicional, de tijolos”, comenta a arquiteta.
De acordo com a ABNT NBR 11.949 — Poliestireno Expandido para Isolação Térmica — Determinação da Massa Específica Aparente — a massa específica aparente do EPS de Classe F deve variar entre 13 e 25 kg/m3. De acordo com a Comissão Setorial de EPS da Abiquim, essa característica está diretamente relacionada a outras importantes propriedades, como a compressão.
O grupo indica que a maior densidade resultará na elevação dos níveis do conjunto de resistências (compressão, cisalhamento e flexão). Além disso, o aumento da massa específica do EPS também melhora os índices de condutividade térmica e absorção de umidade. Ou seja, peças maiores são capazes de amplificar o bloqueio de calor e, consequentemente, melhorar o conforto no ambiente interno.
O EPS é um isolante térmico por excelência. Quando aplicado em lajes, forma uma barreira capaz de retardar as trocas térmicas entre os ambientes externo e interno. “O coeficiente de isolação é muito alto, parâmetro que faz parte das características do composto químico por natureza. As propriedades e o desempenho são parecidos com os da lã de vidro”, compara Solange. Tal propriedade é explicada pela enorme quantidade de ar dentro do EPS. A camada dificulta a troca de temperatura entre dois ambientes. “Por isso, além da laje, a solução também é muito interessante para paredes”, indica a arquiteta.
Quando usado em pisos ou obras de geotecnia, a resistência à deformação é uma das características mais importantes a ser observada. Atualmente, ainda não existe norma brasileira específica que norteie o aproveitamento em projetos geotécnicos. Esse tema está sendo estudado pela Comissão Setorial de EPS da Abiquim.
Na ausência de um documento nacional, é comum os projetistas utilizarem e recomendarem o EPS do tipo 5F, que apresenta densidade mínima de 22 kg/m³, resistência à compressão de 104 kPa e deformação de 10%, seguindo o que indica a ABNT NBR 11.752.
Apesar de não ser um material biodegradável, que se decompõe na natureza, o EPS é completamente reciclável. Cem por cento das sobras recolhidas nos canteiros podem ser recolhidas e enviadas para usinas de processamento. O material reciclado é utilizado como matéria-prima na produção de vários produtos, como molduras, rodapés e perfis para construção civil; solados plásticos para calçados; e insumos para concreto leve.
Além disso, o processo produtivo consome pouca água e não gera dejetos sólidos. No passado, o material era considerado vilão por utilizar em sua fabricação os gases CFCs (clorofluorcarbonetos), que danificam a camada de ozônio. No entanto, o elemento já foi substituído pelo inofensivo pentano. Outra vantagem é que em contato com o solo, não apresenta riscos de contaminação para águas subterrâneas e subsolo.
Na lista de ganhos ambientais figuram ainda os benefícios oferecidos para a edificação. “Com o conforto térmico garantido, há menor exigência de condicionamento de ar. Isso quer dizer que o morador poderá economizar com a conta de energia elétrica ao mesmo tempo em que mantém sua casa com uma constante temperatura agradável”, finaliza Solange.
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Fanny Solange – Arquiteta francesa formada pela Ecole Nationale Supérieure d'Architecture de Paris la Villette. É mestre em Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição. Está cursando MBA em Gestão de Negócios no Ibmec. Trabalhou em grandes escritórios de arquitetura, como MPG Arquitetos e Associados, Landscape Jardins e Jairo de Senders. Foi gerente de projetos da Oikotie, onde desenvolveu habilidades em planejamento, liderança e gestão de pessoas. Atualmente, é CEO do escritório Domingos de Arquitetura.
Comissão Setorial de EPS da Abiquim – Composto por oito empresas, o grupo foi criado em 2007 com o objetivo de ampliar e promover o crescimento sustentável do setor de EPS através da normalização do material em diferentes aplicações, buscando atingir a qualidade padrão no mercado nacional.